García Márquez escrevia como Cervantes e falava como Chaplin, diz biógrafo
O britânico Gerald Martin, biógrafo de Gabriel García Márquez, afirmou nesta sexta-feira (17) que o escritor, Nobel de Literatura, morto há um ano, "escrevia como Cervantes e falava como Chaplin", o que o transformou no "grande clássico latino-americano" do século 20.
Em entrevista coletiva realizada em Bogotá durante a apresentação da Feira Internacional do Livro de Bogotá (Filbo), que começa dia 21 de abril e terá a cidade de Macondo, do universo mágico de "Cem Anos de Solidão", como convidada de honra, Martin assinalou que a Colômbia também "deve merecer" García Márquez.
"A Colômbia tem que apreciar, assimilar e integrar García Márquez em seu futuro", disse o biógrafo.
Questionando sobre como atrair os jovens para ler o "filho do telegrafista", como Gabo se identificava às vezes, Martin destacou que García Márquez "está aí" e os jovens colombianos têm sorte de poder ler um autor "que será top nos próximos 500 anos", o que ele não viveu porque, quando era criança, leu Shakespeare, igual os espanhóis leem Cervantes, como um escritor extraordinário, mas de séculos atrás.
Martin também destacou que as obras de García Márquez não são só colombianas ou latino-americanas, mas "realmente universais", e lembrou que o autor de "Cem Anos de Solidão" representou "a grande transição da América Latina, que passou de ser um continente esquecido a ter um papel de protagonismo mundial".
Além disso, assinalou que Macondo, que hoje foi objeto de debate entre os organizadores, se transformou em mais do que a cidade de "Cem Anos de Solidão", porque nos permitiu "pensar em toda a obra" de García Márquez.
"Me dei conta na primeira vez que li 'Cem Anos de Solidão' de que Macondo seria La Mancha de Cervantes, um dos grandes lugares da literatura", destacou.
Na opinião de Martin, o romance de Gabo conquistou tanta popularidade em todo o planeta porque o universo imaginário que criou "foi a primeira aldeia global literária".
Macondo é, segundo o autor da biografia "Gabriel García Márquez: a Life", o pequeno povoado do litoral caribenho colombiano que poderia estar na Índia, no Afeganistão ou qualquer outro país em vias de desenvolvimento, o que ajudou o livro a alcançar públicos muito diversos.
O diretor da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-Americano (FNPI), Jaime Abello, lembrou que em uma visita de García Márquez à cidade de Barranquilla, no Caribe colombiano, o escritor comentou que "era como Macondo quando se transformou em cidade".
Abello explicou que as cidades dessa região colombiana quase não mudaram nos últimos 40 anos e rememorou uma viagem que fez com García Márquez a Aracataca, a cidade em que o escritor nasceu, quando tiveram que utilizar uma carruagem, cercada por fãs.
"Naquele momento, ele mesmo usou o termo 'macondiano' para se referir à situação", contou.
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