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Artistas de vários países se reúnem no Rio para exibir o "flamengo puro"

25/03/2015 15h30

Carlos Moreno.

Rio de Janeiro, 25 mar (EFE).- Um grupo de artistas latino-americanos dedicado a divulgar o flamengo em diferentes países se juntou no Rio de Janeiro para uma apresentação do que consideram o flamenco de raiz.

"Flamenco puro" é o nome do espetáculo que o grupo de apresentará amanhã na sede do Instituto Cervantes do Rio de Janeiro, já com ingressos esgotadas. O evento voltará a acontecer em maio.

A iniciativa reúne os bailaores Irene Alonso (Argentina), Vanesa Domínguez (Espanha) e Javier Berteloot (Argentina), os guitarristas Pablo Encalhes (Uruguai) e Allan Harbas (Brasil), o cantador Diego Zarcón e o percussionista Alejo Stein, ambos do Brasil.

"A ideia do Flamenco Puro surgiu em 2011, quando organizamos uma apresentação com David e Antonio Manzano, ciganos espanhóis que vivem e trabalham em Buenos Aires, para mostrar aos brasileiros a arte de raiz, difícil de encontrar no Brasil", lembrou à Agência Efe Irene, diretora do curso de flamenco do Instituto Cervantes no Rio de Janeiro e responsável por dirigir o espetáculo.

Desde então, ela convida ao Rio de Janeiro artistas interessados em mostrar ao público o flamenco de raiz e apresentar as misturas e fusões.

Segundo a bailaora, que se criou em Buenos Aires, estudou flamenco em Barcelona e Madri e atuou no Tablao Ávila da capital argentina, apesar de existirem muitas escolas de dança no Brasil, o flamenco que praticado e apresentado no país não tem a pureza da cultura cigana e da flamenca.

"Queremos trazer a Rio um flamenco que conte com as raízes mais puras e com artistas que o levem no sangue", disse.

A malaguenha Vanessa, conta que conheceu Irene há dois anos, quando veio dar aulas de flamenco no Brasil.

"No ano passado, ela me convidou para participar de uma edição do Flamengo Puro e, este ano, aproveitando minha estadia no Brasil, me chamou para fazer parte do grupo", disse à Agência Efe a artista, que tinha turmas de flamenco em Buenos Aires e agora atua no Rio.

A espanhola, que há 20 anos vive profissionalmente da dança, contou que a ideia é que possa apresentar suas "raízes espanholas" no espetáculo. Para ela, o Flamenco Puro vai além de uma arte com raízes. É um espetáculo que aceita o improviso.

"Acho que não há nada mais puro do que poder improvisar o que você sente e transmitir", explicou.

Berteloot, de família de origem galega que se dedica ao flamenco em Buenos Aires, chegou ao Brasil no começo do ano passado contratado por um restaurante de Florianópolis. Desde então, se dedica a ser professor, dar oficinas e exibir sua dança em apresentações nas ruas de Curitiba, São Paulo, Londrina e Foz do Iguaçu.

"Queremos mostrar aos brasileiros qual é o verdadeiro flamenco", afirmou Berteloot, para quem a dança é uma paixão desde os cinco anos de idade.

Já para Encalhes, um uruguaio que de dedicava a guitarra elétrica e a trocou pelo modelo clássico depois de assistir a uma apresentação de um guitarrista flamenco, a apresentação permitirá que os brasileiros tenham outra visão sobre esta arte.

"O flamenco tem uma boa receptividade no Brasil, mas como algo exótico. Os brasileiros gostam muito, mas não veem esta dança como algo parente, como acontece em outros países, talvez por conta do idioma", explicou.