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Eletricista de Picasso é condenado a dois anos de prisão na França

Pierre Le Guennec e sua mulher Danielle chegam à corte criminal em 11 de fevereiro - Lionel Cironneau/AP Photo
Pierre Le Guennec e sua mulher Danielle chegam à corte criminal em 11 de fevereiro Imagem: Lionel Cironneau/AP Photo

Paris, França

20/03/2015 07h48

O Tribunal Correcional de Grasse condenou nesta sexta-feira a dois anos de prisão, isentos de cumprimento, o eletricista de Picasso, Pierre Le Guennec e sua esposa Danielle, que durante 37 anos conservaram em segredo 271 obras do pintor espanhol até as apresentarem em 2010.

Os juízes, que consideraram provado o delito de receptação - se beneficiar de bens roubados com pleno conhecimento de sua origem ilícita - condenaram também o casal Le Guennec à restituição das obras, uma questão que é objeto de uma ação civil, explicaram os advogados à Agência Efe.

A pena é inferior à solicitada pela promotoria, que tinha reivindicado cinco anos de prisão, também isentos de cumprimento, para os dois septuagenários.

As obras do artista ficaram na garagem do eletricista durante três décadas até que tentaram conseguir um certificado de autenticidade em 2010, quando foram expropriadas pela justiça.

Baseado na sentença, Claude Ruiz Picasso que deveria ficar com elas, defendeu o advogado da família do pintor, Jean-Jacques Neuer, o que ainda depende da possibilidade de recurso da sentença e de outro processo civil.

Neuer disse estar "muito contente com a sentença, porque põe fim a mitificação e a manipulação" dos agora condenados.

O advogado dos Le Guennec Charles-Etienne Gudin considerou que "no atual estado da relação de forças", e em particular diante da utilização "do exército de especialistas em arte que estavam do lado dos Picasso, não podia haver absolvição".

"Esperava uma decisão ruim (para os interesses do casal), inclusive pior do que a pronunciada pelo tribunal de Grasse", disse Gudin.

O representante da defesa insistiu que não tem "intenção de ceder", embora não quis confirmar o recurso - que suspenderia a restituição das obras à família do pintor - antes de estudá-lo em profundidade com seus clientes, que já são idosos.

No julgamento, o advogado tentou convencer os juízes da ausência de provas da origem fraudulenta das obras.

De fato, o antigo empregado do artista e sua esposa afirmaram que a própria Jacqueline - última esposa do pintor (1927-1986) - presenteou o eletricista uma caixa, que conservaram durante quatro décadas na garagem de sua casa, convencidos de que dentro havia só um conjunto de papéis sem grande valor artístico.

Ali havia desenhos, litografias, e algumas colagens raras de grande valor, criadas entre 1900 1932 e sem assinatura, atualmente avaliadas em mais de 60 milhões de euros.

Pierre e Danielle Le Guennec, para organizar a herança de seus filhos, pediram em 2010 a autenticação das obras ao único organismo habilitado para fazê-lo, a Picasso Administration, gerente dos direitos autorais e de propriedade intelectual, e foi então que a família de Picasso apresentou uma denúncia contra eles.