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Pesquisadores italianos podem estar perto de achar a sepultura de Mona Lisa

O quadro "Mona Lisa", de Leonardo Da Vinci - Reprodução
O quadro "Mona Lisa", de Leonardo Da Vinci Imagem: Reprodução

Gonzalo Sánchez

De Florença (Itália)

05/03/2015 19h11

Pesquisadores italianos estão empenhados em completar uma análise biológica que, em 15 dias, pode responder uma das maiores incógnitas da história da arte: "Onde estão os restos mortais de Lisa Gherardini, a Mona Lisa?".

Em entrevista à Agência Efe, o presidente do Comitê Nacional para a Valorização dos Bens Culturais da Itália, Silvano Vinceti, se mostrou esperançoso, já que foi isso que buscou durante toda a sua carreira.

O mistério em torno do lugar onde está a mulher que teria sido retratada por Leonardo da Vinci em "Mona Lisa", e que morreu em 15 de julho de 1542, aos 63 anos, existe há décadas. Seu corpo foi sepultado em algum ponto do Monastério de Sant'Orsola, em Florença, de acordo com os documento da Paróquia de San Lorenzo.

Por séculos mergulhado no mais absoluto abandono, o lugar foi objeto de uma série de escavações arqueológicas para resolver a questão. Recentemente, foram recuperadas as partes de nove indivíduos.

Apesar da expectativa inicial, em pouco tempo foi revelado que seis deles não eram contemporâneos da Mona Lisa e que foram enterrados lá quando o convento era propriedade da ordem Beneditina, entre 1300 e 1440. No entanto, três desses corpos correspondem a uma época posterior, quando o local passou para as mãos dos franciscanos, em 1470, e poderiam coincidir com a época em que viveu a moça do sorriso enigmático.

São os restos mortais dessas três pessoas que estão sendo submetidos a teste de carbono 14, e os resultados podem ser divulgados ainda este mês.

"Se o carbono 14 confirmar que se trata de três corpos do século 16 e um dos três entrar em uma faixa de tempo que coincida com a morte de Lisa Gherardini, poderíamos afirmar com altíssima probabilidade que ela foi achada", explicou.

A sombra do ceticismo, no entanto, plana sobre esta façanha arqueológica já que, por enquanto, só se pode falar em "possibilidade", já que, se algum dos corpos for de contemporâneos de Lisa, ainda seria preciso comprovar se algum seria, com certeza, o  dela.

O presidente do Comitê Nacional para a Valorização dos Bens Culturais da Itália, que lidera as buscas, explicou que o próximo passo é analisar seu DNA, mas, neste sentido, outra questão surge: com quem comparar os resultados?

Lisa Gherardini era casada com Francesco di Bartolomeo del Giocondo --daí o apelido "La Gioconda"-- que está enterrado junto a seus filhos Francesco e Piero no mausoléu da família, situado em um lugar de destaque após o altar maior da Basílica da Santissima Annunziata, no coração da capital toscana.

O principal impedimento é que os pesquisadores não conseguiram extrair mostras genéticas dos corpos, que jazem sob uma grossa laje de mármore decorada com flores no mausoléu conhecido como "A capela dos Mártires".

Vinceti ressaltou que "graças às novas tecnologias", com o DNA recuperado dos três corpos no Monastério de Sant'Orsola é possível descobrir a cor dos olhos, do cabelo e da pele e compará-la com o célebre retrato feito por Leonardo da Vinci e exposto no Museu do Louvre, em Paris.

Os vínculos entre o pintor e a modelo foram descobertos nos últimos anos pelos pesquisadores. Eles apontam para a hipótese de que o pai do artista poderia ter tido uma relação comercial com os Giocondos, prósperos comerciantes da época. Seja como for, Da Vinci concedeu à história uma de suas obras mais admiradas e cuja protagonista, de contornos turvos e desconcertante forma de olhar, geraram uma infinidade de interpretações e lendas.

Para pintar o quadro, o artista permaneceu em Florença, entre 1500 e 1504, e se alojou em um amplo quarto abobadado da Basílica da Santissima Annunziata, que somente hoje pode ser visto e gravado pela primeira vez.

Entre seus espessos muros de pedra, além de aperfeiçoar sua "Gioconda", realizou alguns outros trabalhos e mostrou sua peculiar técnica ao jovem Rafael Sanzio, que anos depois realizaria obras com bastante influência do quadro "Mona Lisa", como "A Dama do Unicórnio" (1506).