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Michael Keaton ou Eddie Redmayne? Um dos grandes dilemas do Oscar

20/02/2015 15h19

Antonio Martín Guirado.

Los Angeles (EUA), 20 fev (EFE).- A queda de braço entre Michael Keaton e Eddie Redmayne pelo Oscar de melhor ator é um dos grandes dilemas da 87ª edição do prêmio, apesar de o britânico estar mais cotado após as vitórias no Bafta e, principalmente, nos prêmios do Sindicato de Atores dos Estados Unidos (SAG).

No entanto, apesar de Redmayne ter o trunfo de interpretar com excelência uma pessoa real (Stephen Hawking), a balança pode pender para o lado de Keaton caso a Academia de Hollywood decida recompensar o retorno triunfal de um de seus atores mais queridos, após anos praticamente sumido.

MICHAEL KEATON, capaz de voar sem as asas de morcego.

Os olhos de Keaton encheram Batman de mistério nas primeiras interpretações do super-herói na telona, sob a direção de Tim Burton, com quem já havia trabalhado em "Os Fantasmas se Divertem" (1988), tornando-se um ícone.

No entanto, na época seu talento nunca foi reconhecido apesar de interpretações de grande apelo emocional como em "Minha Vida" (1993) e passou despercebido durante mais de uma década após suas participações em obras de Quentin Tarantino ("Jackie Brown", 1997) e Barbet Schroeder ("Medidas Desesperadas", 1998).

Em "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)", aos 63 anos, Michael Keaton interpreta um antigo astro do cinema, que costumava fazer o super-herói Birdman, que pretende voltar aos holofotes ao escrever, dirigir e protagonizar uma peça da Broadway.

Com o Oscar em disputa, é hora de comprovar se a realidade supera mais uma vez a ficção.

Por enquanto, sua impecável interpretação rendeu o Globo de Ouro, na categoria de melhor ator em comédia ou musical, o prêmio Gotham e os prêmios dos críticos de Londres, Nova York, San Francisco, assim como o National Board of Review.

EDDIE REDMAYNE, o retrato de uma cruel doença.

Aos 33 anos e com a primeira indicação na carreira, Redmayne pode levar o prêmio mais aclamado do cinema por interpretar Stephen Hawking, o famoso astrofísico britânico que vive sentado em uma cadeira de rodas e sem a capacidade de falar devido a uma doença motora degenerativa relacionada à esclerose lateral amiotrófica.

Redmayne tem a seu favor o fato de interpretar uma pessoa real e em um papel com deficiência, fatores historicamente decisivos para a Academia de Hollywood. Além disso, os vencedores dos SAG coincidiram com os do Oscar na categoria de melhor ator nos últimos anos.

O ator pode ser visto em um papel completamente diferente no longa-metragem de ficção científica "O Destino de Júpiter", dos irmãos Andy e Lana Wachowski, e também atuará em "The Danish Girl", de Tom Hooper, sobre a vida do pintor dinamarquês Einar Wegener, que se submeteu a uma cirurgia de mudança de sexo.

BRADLEY COOPER, chance real após o sucesso de "Sniper Americano".

Bradley Cooper, de 40 anos, recebeu três indicações ao Oscar de forma consecutiva por "O Lado Bom da Vida", "Trapaça" e "Sniper Americano". Os últimos atores que conseguiram feito similar foram Renée Zellweger, entre 2001 e 2003, e Russell Crowe, entre 1999 e 2001.

Embora nunca tenha ganhado a estatueta, a situação pode mudar neste ano pelo impacto de "Sniper Americano", filme que provocou um enorme debate nos Estados Unidos por, segundo críticos, retratar a vida do atirador de elite Chris Kyle de forma heroica. O longa, dirigido por Clint Eastwood, rendeu US$ 300 milhões nas bilheterias americanas.

Entre os atores mais cotados de Hollywood na atualidade, Cooper estará em "Aloha", de Cameron Crowe, e voltará a trabalhar com o cineasta David O.Russell e Jennifer Lawrence em "Joy", cuja filmagem começa no fim desse mês.

BENEDICT CUMBERBATCH, emoções e matemática.

No mesmo estilo de Russell Crowe em "Uma Mente Brilhante" (2001), o britânico Benedict Cumberbatch convenceu a Academia em "O Jogo da Imitação" com a recriação de um personagem real, neste caso o de Alan Turing, o matemático que decifrou o código secreto da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

Essa é a primeira indicação do ator, de 38 anos, conhecido principalmente pelo trabalho na série "Sherlock" junto a Martin Freeman e por suas aparições em produções de Hollywood como "Além da Escuridão: Star Trek" (2013) e na saga "O Hobbit", onde dá voz ao dragão Smaug.

Nos últimos anos, o ator recebeu muitos elogios pelas participações em "12 Anos de Escravidão" e "Álbum de Família", ambos de 2013, e pela impecável interpretação do fundador do Wikileaks, Julian Assange, em "O Quinto Poder". Ele também poderá ser visto em "Black Mass", junto a Johnny Depp, e "Doutor Estranho", sua imersão no universo de Marvel.

STEVE CARELL, o gênio da comédia revela seu lado obscuro.

Considerado um dos grandes gênios da comédia americana graças à série "The Office" e filmes "O Virgem de 40 Anos" (2005), "Pequena Miss Sunshine" (2006) e "Amor à Toda Prova" (2011), Steve Carell surpreendeu a todos com o drama "Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo".

Seu papel é o do psicopata milionário John du Pont, que sem experiência quis se tornar o treinador da equipe de luta greco-romana dos EUA para os Jogos Olímpicos de Seul 1988, para os quais adotou um plano que incluía convencer o medalhista Mark Schultz a participar.

Em sua primeira indicação ao Oscar, Carell admitiu no almoço da Academia que gostou de correr esse risco e prometeu que voltará a aceitar um papel diferente dos que costuma fazer porque quer voltar a sentir esse "terror" de pisar em um território desconhecido.