Exposição em Assunção resgata fotos da Guerra do Paraguai
Chema Orozco.
Assunção, 20 fev (EFE).- Uma exposição apresenta em Assunção imagens fotográficas da Guerra do Paraguai (1864-1870), o terceiro conflito bélico da história s ser registrado em imagens e divulgado pelos jornais, em uma época em que as limitações técnicas impediam a captura das batalhas e das cenas em movimento.
As 21 fotografias expostas no edifício El Cabido, onde permanecerão até a primeira semana de março, são obra de Javier López, um fotógrafo uruguaio a quem a Casa Tacos & Cia, radicada em Montevidéu, encomendou em 1866 o trabalho de fotografar a guerra travada de um lado pelo Paraguai e do outro por Brasil, Argentina e Uruguai (no Paraguai também conhecida como Guerra da Tríplice Aliança).
O proprietário da empresa, o imigrante irlandês Georges Thomas Bate, enviou López ao front paraguaio após comprovar o êxito comercial das imagens obtidas nas duas primeiras disputas bélicas fotografadas: a Guerra da Crimeia (1853-1856) e a Guerra de Secessão americana (1861-1865).
López, que levava como ajudante Esteban García, seguia assim a esteira de Roger Fenton, que por seu trabalho na Crimeia é considerado o primeiro fotógrafo oficial de guerra, e de Matthew Brady, o lendário ilustrador fotográfico da Guerra de Secessão.
"Sabe-se que López foi contratado por Bate e que ao fechar este estúdio em 1892, abriu outro em Montevidéu. Continua sendo um personagem misterioso", disse à Agência Efe o fotógrafo Luis Vera, chefe de imprensa de El Cabido.
As fotografias de López, parte das 40 depositadas na Biblioteca Nacional do Uruguai, foram tiradas entre maio e julho das fileiras uruguaias e foram publicadas sob o título de "Guerra Ilustrada", segundo Vera.
"Foram publicadas em dois jornais de Montevidéu, "El Século" e "La Tribuna", e apareceram em um complemento com um tamanho de 19x13 centímetros", acrescentou.
Para Vera, esse tipo de oferta obedecia à vontade do público em conhecer, em primeira mão, as guerras que assolavam o mundo e assim, eles se sentiam testemunhas da História.
No entanto, a fotografia seguia em fase primitiva, embora em 1851 tenha avançado ao ser descoberta a técnica do colódio úmido, que substituiu o daguerreótipo, que sempre apresentava problemas perante o intenso calor paraguaio.
"A técnica do colódio úmido necessitava de muitas minúcias. A emulsão, o preparo químico que precedia à exposição, tinha que ser carregado com muito cuidado na câmera antes de disparar. Depois vinha o revelado para que a imagem fosse fixada", explicou Vera.
Apesar de superar o estatismo que proporcionava o daguerreótipo, os tempos de obturação seguiam sendo lentos para fotografias de ação, motivo pelo qual a maioria das obtidas nessa guerra era de fotos grupais.
Outro obstáculo enfrentado por López era o rudimentar laboratório no qual trabalhava, uma tenda que também usava como quarto e refúgio para sua pesada "câmera de gaveta" e o correspondente tripé.
Condições muito diferentes às que tinham seus antecessores das guerras da Crimeia e de Secessão, que contaram com vagões móveis especialmente habilitados.
Talvez por todos esses fatores, a Guerra do Paraguai não gerou nem uma centena de fotografias, que estão repartidas entre Brasil, Argentina e Uruguai.
O general León Palleja, um militar espanhol que combateu no exército uruguaio, já tinha se queixado a um jornal da época da escassez de fotógrafos para cobrir as hostilidades.
Paradoxos da história: após cair morto na batalha de Boqueirão, em julho de 1866, o corpo de Palleja foi captado por López quando era carregado em macas por seus soldados.
"Dá para ver seu corpo bem nitidamente, o que denota a técnica do momento. Mas é uma lembrança terrível que seu corpo tenha sido fotografado depois daquelas declarações", disse Vera.
Mas Palleja era um corpo ilustre, diferentemente dos que aparecem em outra das fotografias expostas: um grupo de paraguaios mortos e amontoados após o combate, que refletem a brutalidade de uma guerra na qual o Paraguai levou a pior.
Segundo os cálculos mais aceitos, o país guarani perdeu cerca da metade da população, ficando com uma relação de quatro mulheres por cada homem.
A exposição, iniciativa da embaixada uruguaia, é acompanhada de armas como sabres e fuzis, parte dos "troféus de guerra" apreendidos pelo Uruguai, que em 1885 se transformou no primeiro dos três países a devolver esses materiais ao Paraguai.
Assunção, 20 fev (EFE).- Uma exposição apresenta em Assunção imagens fotográficas da Guerra do Paraguai (1864-1870), o terceiro conflito bélico da história s ser registrado em imagens e divulgado pelos jornais, em uma época em que as limitações técnicas impediam a captura das batalhas e das cenas em movimento.
As 21 fotografias expostas no edifício El Cabido, onde permanecerão até a primeira semana de março, são obra de Javier López, um fotógrafo uruguaio a quem a Casa Tacos & Cia, radicada em Montevidéu, encomendou em 1866 o trabalho de fotografar a guerra travada de um lado pelo Paraguai e do outro por Brasil, Argentina e Uruguai (no Paraguai também conhecida como Guerra da Tríplice Aliança).
O proprietário da empresa, o imigrante irlandês Georges Thomas Bate, enviou López ao front paraguaio após comprovar o êxito comercial das imagens obtidas nas duas primeiras disputas bélicas fotografadas: a Guerra da Crimeia (1853-1856) e a Guerra de Secessão americana (1861-1865).
López, que levava como ajudante Esteban García, seguia assim a esteira de Roger Fenton, que por seu trabalho na Crimeia é considerado o primeiro fotógrafo oficial de guerra, e de Matthew Brady, o lendário ilustrador fotográfico da Guerra de Secessão.
"Sabe-se que López foi contratado por Bate e que ao fechar este estúdio em 1892, abriu outro em Montevidéu. Continua sendo um personagem misterioso", disse à Agência Efe o fotógrafo Luis Vera, chefe de imprensa de El Cabido.
As fotografias de López, parte das 40 depositadas na Biblioteca Nacional do Uruguai, foram tiradas entre maio e julho das fileiras uruguaias e foram publicadas sob o título de "Guerra Ilustrada", segundo Vera.
"Foram publicadas em dois jornais de Montevidéu, "El Século" e "La Tribuna", e apareceram em um complemento com um tamanho de 19x13 centímetros", acrescentou.
Para Vera, esse tipo de oferta obedecia à vontade do público em conhecer, em primeira mão, as guerras que assolavam o mundo e assim, eles se sentiam testemunhas da História.
No entanto, a fotografia seguia em fase primitiva, embora em 1851 tenha avançado ao ser descoberta a técnica do colódio úmido, que substituiu o daguerreótipo, que sempre apresentava problemas perante o intenso calor paraguaio.
"A técnica do colódio úmido necessitava de muitas minúcias. A emulsão, o preparo químico que precedia à exposição, tinha que ser carregado com muito cuidado na câmera antes de disparar. Depois vinha o revelado para que a imagem fosse fixada", explicou Vera.
Apesar de superar o estatismo que proporcionava o daguerreótipo, os tempos de obturação seguiam sendo lentos para fotografias de ação, motivo pelo qual a maioria das obtidas nessa guerra era de fotos grupais.
Outro obstáculo enfrentado por López era o rudimentar laboratório no qual trabalhava, uma tenda que também usava como quarto e refúgio para sua pesada "câmera de gaveta" e o correspondente tripé.
Condições muito diferentes às que tinham seus antecessores das guerras da Crimeia e de Secessão, que contaram com vagões móveis especialmente habilitados.
Talvez por todos esses fatores, a Guerra do Paraguai não gerou nem uma centena de fotografias, que estão repartidas entre Brasil, Argentina e Uruguai.
O general León Palleja, um militar espanhol que combateu no exército uruguaio, já tinha se queixado a um jornal da época da escassez de fotógrafos para cobrir as hostilidades.
Paradoxos da história: após cair morto na batalha de Boqueirão, em julho de 1866, o corpo de Palleja foi captado por López quando era carregado em macas por seus soldados.
"Dá para ver seu corpo bem nitidamente, o que denota a técnica do momento. Mas é uma lembrança terrível que seu corpo tenha sido fotografado depois daquelas declarações", disse Vera.
Mas Palleja era um corpo ilustre, diferentemente dos que aparecem em outra das fotografias expostas: um grupo de paraguaios mortos e amontoados após o combate, que refletem a brutalidade de uma guerra na qual o Paraguai levou a pior.
Segundo os cálculos mais aceitos, o país guarani perdeu cerca da metade da população, ficando com uma relação de quatro mulheres por cada homem.
A exposição, iniciativa da embaixada uruguaia, é acompanhada de armas como sabres e fuzis, parte dos "troféus de guerra" apreendidos pelo Uruguai, que em 1885 se transformou no primeiro dos três países a devolver esses materiais ao Paraguai.
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