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Encontrado na costa de Israel o maior tesouro de moedas de ouro antigas

19/02/2015 10h26

Daniela Brik.

Jerusalém, 19 fev (EFE).- Um grupo de mergulhadores encontrou na costa da cidade de Cesareia, em Israel, o maior tesouro de moedas antigas de ouro, que inclui duas mil peças do período fatímida, que datam de, aproximadamente, mil anos.

"Trata-se da maior descoberta de moedas feitas em Israel, com a qual podemos compreender melhor a rica economia desta dinastia muçulmana", explicou à Agência Efe Jacob (Koby) Sharvit, responsável pela unidade arqueológica de pesquisa da marinha.

As moedas foram localizadas há duas semanas por mergulhadores que ao notar que podia se tratar de objetos de muito valor, informaram a descoberta ao responsável pela equipe de Cesareia, que notificou o fato à divisão marinha da Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI).

Desde então, foram realizadas várias imersões e, graças a um detector de metais, duas mil moedas foram desenterradas, pesando um total de seis quilos, e especialistas acreditam que muitas outras possam aparecer.

As peças têm diversos tamanhos e pesos e pertenceram a diversos reinados da dinastia fatímida, que governou o norte da África e a Palestina no começo do século X. Os arqueólogos sugerem que as moedas podem ter viajado a bordo de um navio que naufragou perto da costa mediterrânea.

"A descoberta de semelhante quantidade de moedas com um importante valor econômico na antiguidade nos leva a analisar várias hipóteses sobre sua localização no fundo do mar", disse Sharvit.

Uma delas aponta para a possibilidade de ser um tesouro oficial da base de impostos arrecadados, que viajava em uma embarcação que navegava para o governo central, que na época se encontrava no Egito.

Mas esta não é a única. Outra teoria indica que "provavelmente as moedas eram para o pagamento dos militares fatímida em Cesareia, que protegiam a cidade", segundo o pesquisador.

Também não se descarta a hipótese de que o dinheiro pertencesse a um grande navio mercante que transitava entre diferentes cidades litorâneas do Mediterrâneo, onde afundou.

"Apesar do fato de ter estado no fundo do mar durante milhares de anos, elas não irão precisar de limpeza ou trabalho de recuperação. Isto porque o ouro é um metal nobre e não se corrói em contato com o ar ou a água", destacou Robert Cole, especialista em numismática da AAI em um comunicado.

As moedas continuaram sendo usadas mesmo após a conquista da Terra Santa, um século depois de os muçulmanos controlarem a região, em particular nas cidades portuárias nas quais eram realizados intercâmbios comerciais internacionais.

Várias delas apresentam marcas de mordidas, o que evidencia que foram inspecionadas por seus proprietários ou mercadores. Outras têm sinais de desgaste ou erosão pelo uso, apesar de algumas parecem ter sido recentemente cunhadas.

As moedas levam insígnias de vários lugares do reino fatímida. A maior parte pertence ao califa Al-Hakim, que governou de 996 a 1021, e a seu filho, Ali az-Zahir (1021-1036), e foram cunhadas no Egito e no norte da África.

A mais antiga foi cunhada em Palermo (Sicília) na segunda metade do século IX, enquanto a mais nova é de 1036, e levou os arqueólogos a concluírem que esta foi a época em que o navio afundou.

O império fatímida foi o quarto califado islâmico que governou o norte da África do ano 909 a 1171. Inicialmente, com sede na Tunísia, a dinastia controlou boa parte do litoral Mediterrâneo da África e transformou o Egito no centro de seu governo, que se estendia por várias áreas do Magrebe, Sudão, Sicília, Palestina, Síria, Arábia Saudita e Iêmen.

Por enquanto, apenas moedas foram desenterradas, mas os pesquisadores não descartam que seja possível encontrar pedaços de algumas embarcações, de velhos píeres ou cerâmicas que possam ajudar a desvendar os segredos mais bem guardados da antiga Cesareia.