América Latina arrasa em Berlim, mas Urso de Ouro vai para iraniano
Gemma Casadevall.
Berlim, 14 fev (EFE).- A América Latina surpreendeu neste sábado no Festival de Berlim, com premiações tanto para dois grandes nomes do cinema chileno, Pablo Larraín e Patrício Guzmán, quanto para o estreante guatemalteco Jayro Bustamante, mas o grande eleito da noite foi o iraniano Jafar Panahi, que ganhou o Urso de Ouro com sabor político que não pode comparecer à cerimônia por ordens de Teerã.
O júri, presidido pelo diretor americano Darren Aronofsky, honrou o compromisso do festival com o cinema que incide nos conflitos mundiais com um histórico marcado pelas denúncias contra as injustiças e a impunidade.
"Táxi" ganhou o Urso de Ouro com uma alegação, disfarçada de doce comédia, contra a repressão que sofrem criadores como o próprio Panahi, inabilitado pelo Irã, e transformado em taxista que colhe opiniões de seus compatriotas.
Era um reconhecimento a um velho conhecido do festival, pois o diretor esteve presente na competição em 2011, com "Fora do Jogo", e em 2013 com "Cortinas Fechadas"-, um filme irônico, delicado e de roteiro impecável, que brinca com as restrições impostas.
"El Club", dirigido por Larraín, ganhou o Urso de Prata, prêmio especial do júri, com um filme que retrata a impunidade de uma igreja obstinada em arrumar a casa por conta de seus pecados, tais como a pederastia e a cumplicidade com torturadores, entre outras atrocidades.
"El botón de nácar", de Guzmán, ganhou como melhor roteiro com um filme que começa com o Deserto do Atacama e segue até a Ilha de Dawson, cemitério tanto para os indígenas, que o colonialismo quase exterminou, quanto para os desaparecidos da ditadura de Augusto Pinochet.
O cinema de corte indígena era um eixo temático da 65ª edição do Festival de Berlim e do guatemalteco Bustamante, à frente de seu primeiro longa-metragem e também o primeiro filme da Guatemala a competir no festival, obteve o prêmio Alfred Bauer, dedicado aos novos nomes do cinema, com "Ixcanul".
Os três filmes latino-americanos da competição caçaram assim seus ursos, mas os prêmios à América Latina não ficaram na seção oficial, já que o mexicano "600 Millas", dirigido por Gabriel Ripstein e exibido na sessão Panorama, obteve o prêmio de melhor estreia do Festival de Berlim.
Os ursos às melhores interpretações foram para Charlotte Rampling, excelente no papel de esposa exausta no filme "45 Years", de Andrew Haigh. Já o prêmio de melhor ator foi, como não podia ser diferente, para seu marido no filme, Tom Courtenay.
No quesito melhor diretor houve empate entre o Radu Jude, de "Aferim!", e a polonesa Malgorzata Szumowska, de "Body", ambos expoentes do bom cinema de baixo orçamento procedente do leste europeu.
A produção alemã "Victoria", de Sebastian Schipper, estava entre as favoritas como representante de uma nova linguagem, em um filme rodado em uma só sequência, em que a câmera segue uma mulher espanhola - a atriz Laia Costa - pela noite berlinense. O filme ganhou por melhor contribuição artística pelo singular movimento da câmera, prêmio dado a partir da escolha combinada com outros dois dos júris independentes do festival - o "Guild" à criação artística, e o dos leitores do jornal "Berliner Morgenpost".
Após a cerimônia de entrega dos prêmios, o Festival de Berlim dedicará o dia de amanhã ao público no "Dia do Espectador". Conforme a tradição, 300 mil entradas serão colocadas a venda para 400 filmes exibidos em dez dias.
Berlim, 14 fev (EFE).- A América Latina surpreendeu neste sábado no Festival de Berlim, com premiações tanto para dois grandes nomes do cinema chileno, Pablo Larraín e Patrício Guzmán, quanto para o estreante guatemalteco Jayro Bustamante, mas o grande eleito da noite foi o iraniano Jafar Panahi, que ganhou o Urso de Ouro com sabor político que não pode comparecer à cerimônia por ordens de Teerã.
O júri, presidido pelo diretor americano Darren Aronofsky, honrou o compromisso do festival com o cinema que incide nos conflitos mundiais com um histórico marcado pelas denúncias contra as injustiças e a impunidade.
"Táxi" ganhou o Urso de Ouro com uma alegação, disfarçada de doce comédia, contra a repressão que sofrem criadores como o próprio Panahi, inabilitado pelo Irã, e transformado em taxista que colhe opiniões de seus compatriotas.
Era um reconhecimento a um velho conhecido do festival, pois o diretor esteve presente na competição em 2011, com "Fora do Jogo", e em 2013 com "Cortinas Fechadas"-, um filme irônico, delicado e de roteiro impecável, que brinca com as restrições impostas.
"El Club", dirigido por Larraín, ganhou o Urso de Prata, prêmio especial do júri, com um filme que retrata a impunidade de uma igreja obstinada em arrumar a casa por conta de seus pecados, tais como a pederastia e a cumplicidade com torturadores, entre outras atrocidades.
"El botón de nácar", de Guzmán, ganhou como melhor roteiro com um filme que começa com o Deserto do Atacama e segue até a Ilha de Dawson, cemitério tanto para os indígenas, que o colonialismo quase exterminou, quanto para os desaparecidos da ditadura de Augusto Pinochet.
O cinema de corte indígena era um eixo temático da 65ª edição do Festival de Berlim e do guatemalteco Bustamante, à frente de seu primeiro longa-metragem e também o primeiro filme da Guatemala a competir no festival, obteve o prêmio Alfred Bauer, dedicado aos novos nomes do cinema, com "Ixcanul".
Os três filmes latino-americanos da competição caçaram assim seus ursos, mas os prêmios à América Latina não ficaram na seção oficial, já que o mexicano "600 Millas", dirigido por Gabriel Ripstein e exibido na sessão Panorama, obteve o prêmio de melhor estreia do Festival de Berlim.
Os ursos às melhores interpretações foram para Charlotte Rampling, excelente no papel de esposa exausta no filme "45 Years", de Andrew Haigh. Já o prêmio de melhor ator foi, como não podia ser diferente, para seu marido no filme, Tom Courtenay.
No quesito melhor diretor houve empate entre o Radu Jude, de "Aferim!", e a polonesa Malgorzata Szumowska, de "Body", ambos expoentes do bom cinema de baixo orçamento procedente do leste europeu.
A produção alemã "Victoria", de Sebastian Schipper, estava entre as favoritas como representante de uma nova linguagem, em um filme rodado em uma só sequência, em que a câmera segue uma mulher espanhola - a atriz Laia Costa - pela noite berlinense. O filme ganhou por melhor contribuição artística pelo singular movimento da câmera, prêmio dado a partir da escolha combinada com outros dois dos júris independentes do festival - o "Guild" à criação artística, e o dos leitores do jornal "Berliner Morgenpost".
Após a cerimônia de entrega dos prêmios, o Festival de Berlim dedicará o dia de amanhã ao público no "Dia do Espectador". Conforme a tradição, 300 mil entradas serão colocadas a venda para 400 filmes exibidos em dez dias.
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