Coração de D. Pedro I permanece guardado na cidade do Porto há 180 anos
Renata Hirota.
Lisboa, 9 fev (EFE).- A igreja de Nossa Senhora da Lapa, na cidade do Porto, em Portugal, guarda uma relíquia que raramente pode ser vista: o coração do monarca responsável pela independência brasileira, D. Pedro I do Brasil - ou D. Pedro IV de Portugal, Duque de Bragança (1798-1834).
São necessárias cinco chaves para permitir acesso ao recipiente de vidro onde o órgão é conservado em uma solução mista de formol - estas chaves estão sob a tutela da prefeitura do Porto.
A primeira chave permite a retirada da placa de metal cravada na porta do monumento, outras duas abrem a rede por trás da placa, uma quarta, a urna e a quinta, a caixa de madeira. Dentro desta caixa há um copo de prata fechado com parafusos, guardando o recipiente de vidro com o coração.
São necessárias seis pessoas para assegurar o máximo de cuidado com o órgão na realização desse procedimento, que acontece somente em ocasiões especiais, segundo contou à Agência Efe Francisco Ribeiro da Silva, historiador da Irmandade Nossa Senhora da Lapa.
"O 'caixão' é aberto somente em ocasiões excepcionais, por diversos motivos, o principal é evitar que o órgão possa se deteriorar por causa dos movimentos que a operação necessariamente provoca", explicou o historiador.
"Não podemos esquecer que se trata de um órgão humano que está depositado ali há 180 anos. Os riscos de desintegração são reais", acrescentou.
Em janeiro, o coração foi retirado para a filmagem de uma produção cinematográfica luso-brasileira do diretor português, Miguel Gonçalves Mendes, seis anos após a última exposição da relíquia.
"O coração foi observado por um especialista em 2009 e não foram detectados sinais de alarme sobre seu estado de conservação. O risco mais preocupante é que o órgão possa se desintegrar", disse Ribeiro da Silva.
O órgão ficou sem local fixo por dois anos após a morte do monarca, em 1834, até que decidissem onde ficaria instalado. A filha de D. Pedro I, Maria II de Portugal, resolveu o problema, ao determinar por decreto real que a igreja de Nossa Senhora da Lapa abrigasse o coração de seu pai.
Também conhecido como o Rei Soldado, D. Pedro I teve uma estreita relação com a cidade do Porto, sitiada pelos exércitos de seu irmão Miguel em um dos eventos mais relevantes na história da cidade, as chamadas Guerras Liberais (1828-1834) - um conflito civil entre os partidários dos irmãos D. Pedro IV e D. Miguel I.
A cidade do Porto, leal a D. Pedro I, era o centro dos progressistas portugueses, em linha com o liberalismo defendido pela Constituição de 1826.
De acordo com Ribeiro da Silva, a "atitude audaz" do Duque de Bragança marcou profundamente os portuenses, que a partir de então associaram D. Pedro I à restituição da liberdade em Portugal, que vivia um regime absolutista sob o comando de Miguel I.
"O coração de D. Pedro é o símbolo da luta pela liberdade, traço que identifica a cidade desde os tempos medievais", afirmou o historiador.
Além da estreita relação de D. Pedro I com a cidade do Porto, o monarca também estabeleceu um forte vínculo com o Brasil, para onde seus restos mortais foram transferidos em 1972, durante a comemoração dos 150 anos de independência do país.
O historiador destacou outra ligação na relação entre a cidade do Porto e o Brasil: a igreja de Nossa Senhora da Lapa, que abriga a preciosa relíquia, foi fundada no século XVIII por um missionário de São Paulo - cidade para a qual o corpo de D. Pedro foi transferido e enterrado, no local onde declarou a independência do país.
Lisboa, 9 fev (EFE).- A igreja de Nossa Senhora da Lapa, na cidade do Porto, em Portugal, guarda uma relíquia que raramente pode ser vista: o coração do monarca responsável pela independência brasileira, D. Pedro I do Brasil - ou D. Pedro IV de Portugal, Duque de Bragança (1798-1834).
São necessárias cinco chaves para permitir acesso ao recipiente de vidro onde o órgão é conservado em uma solução mista de formol - estas chaves estão sob a tutela da prefeitura do Porto.
A primeira chave permite a retirada da placa de metal cravada na porta do monumento, outras duas abrem a rede por trás da placa, uma quarta, a urna e a quinta, a caixa de madeira. Dentro desta caixa há um copo de prata fechado com parafusos, guardando o recipiente de vidro com o coração.
São necessárias seis pessoas para assegurar o máximo de cuidado com o órgão na realização desse procedimento, que acontece somente em ocasiões especiais, segundo contou à Agência Efe Francisco Ribeiro da Silva, historiador da Irmandade Nossa Senhora da Lapa.
"O 'caixão' é aberto somente em ocasiões excepcionais, por diversos motivos, o principal é evitar que o órgão possa se deteriorar por causa dos movimentos que a operação necessariamente provoca", explicou o historiador.
"Não podemos esquecer que se trata de um órgão humano que está depositado ali há 180 anos. Os riscos de desintegração são reais", acrescentou.
Em janeiro, o coração foi retirado para a filmagem de uma produção cinematográfica luso-brasileira do diretor português, Miguel Gonçalves Mendes, seis anos após a última exposição da relíquia.
"O coração foi observado por um especialista em 2009 e não foram detectados sinais de alarme sobre seu estado de conservação. O risco mais preocupante é que o órgão possa se desintegrar", disse Ribeiro da Silva.
O órgão ficou sem local fixo por dois anos após a morte do monarca, em 1834, até que decidissem onde ficaria instalado. A filha de D. Pedro I, Maria II de Portugal, resolveu o problema, ao determinar por decreto real que a igreja de Nossa Senhora da Lapa abrigasse o coração de seu pai.
Também conhecido como o Rei Soldado, D. Pedro I teve uma estreita relação com a cidade do Porto, sitiada pelos exércitos de seu irmão Miguel em um dos eventos mais relevantes na história da cidade, as chamadas Guerras Liberais (1828-1834) - um conflito civil entre os partidários dos irmãos D. Pedro IV e D. Miguel I.
A cidade do Porto, leal a D. Pedro I, era o centro dos progressistas portugueses, em linha com o liberalismo defendido pela Constituição de 1826.
De acordo com Ribeiro da Silva, a "atitude audaz" do Duque de Bragança marcou profundamente os portuenses, que a partir de então associaram D. Pedro I à restituição da liberdade em Portugal, que vivia um regime absolutista sob o comando de Miguel I.
"O coração de D. Pedro é o símbolo da luta pela liberdade, traço que identifica a cidade desde os tempos medievais", afirmou o historiador.
Além da estreita relação de D. Pedro I com a cidade do Porto, o monarca também estabeleceu um forte vínculo com o Brasil, para onde seus restos mortais foram transferidos em 1972, durante a comemoração dos 150 anos de independência do país.
O historiador destacou outra ligação na relação entre a cidade do Porto e o Brasil: a igreja de Nossa Senhora da Lapa, que abriga a preciosa relíquia, foi fundada no século XVIII por um missionário de São Paulo - cidade para a qual o corpo de D. Pedro foi transferido e enterrado, no local onde declarou a independência do país.
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