Aplicativo africano calcula quantas vacas "custa" uma esposa
Marcel Gascón.
Johanesburgo, 6 fev (EFE).- Quem pretende se casar na Nigéria, no Quênia ou na África do Sul, já não precisa pechinchar o dote que entregará à família de sua prometida: um aplicativo para celulares permite calcular, com parâmetros de idade, altura e peso da mulher, o número de vacas que deverão ser entregues a seus pais.
O lançamento do chamado "Máquina de calcular de lobolo" (nome que recebe o dote no sul do continente) neste ano causou furor e polêmica na África do Sul, onde o criador do aplicativo - que já tem mais de 20 mil downloads - foi acusado de desvirtuar a tradição e fomentar o machismo.
"O povo que pensa que o aplicativo é sexista deve se perguntar se o problema é com o aplicativo ou com a cultura do 'lobolo", disse à imprensa local o artífice da invenção, Kopo Robert Matsaneng, que ressalta a intenção recreativa do programa.
"Eu não inventei a tradição, simplesmente a refleti", defende-se o programador, que lembra, além disso, que o aplicativo permite, para ser mais "divertido", calcular também o valor de um homem, algo alheio à tradição africana.
Ciente da evolução da sociedade e de que muitas famílias nestes tempos dão suas filhas para casamento em troca de dinheiro, ao invés de vacas, Matsaneng oferece também o valor do dote em rands (moeda sul-africana) e em dólares.
A importância que tem o aspecto físico na taxação centrou boa parte das críticas, mas o aplicativo leva em conta também a situação civil, educativa e laboral da futura esposa.
Assim, uma mulher com estudos universitários, que não tenha sido mãe e não tenha se casado, será mais valiosa para a família do marido do que outra de menor formação que venha em lote com os filhos e já tenha passado pelo altar.
"Na parte da educação, acrescente por favor o nível de qualificações de pós-graduação... Não estou fazendo todos estes estudos para nada", diz na página do aplicativo uma jovem que fez download do programa.
Outra sugestão de melhora é introduzir como critério de cálculo os dotes da candidata.
Segundo o calculador, a família de uma jovem de 27 anos, 1m65 de altura, 58 quilos e tamanho 38, considerada atraente, com estudos universitários e emprego, solteira e sem filhos, receberá como dote nove vacas ou US$ 6.651.
Se a mulher tem 40 anos, mede 1m60, pesa 80 quilos e usa um tamanho 46, tem apenas bacharelado, não trabalha, já foi casada e tem filhos, o cálculo tem um saldo negativo de duas vacas ou US$ 1.339, que presumivelmente ela deverá pagar à família do marido.
Como se fosse pouco, o calculador dá o valor médio do "lobolo" que é pago em distintas zonas da África do Sul, assim como nos pequenos reinos de Lesoto e Suazilândia, ajudando a escolher a zona na qual buscar esposa de acordo com as possibilidades econômicas de cada um.
"Este aplicativo é o futuro. Acho que nossos pais deveriam conhecê-lo e começar a usá-lo em suas negociações (entre famílias, na hora de pedir o dote)", escreve Nini Skosana, outra usuária.
Mas nem todo mundo recebeu com tanto entusiasmo a "máquina de calcular". Entre os críticos há tanto opositores como partidários do 'lobolo'.
Os primeiros consideram a tradição - que este aplicativo atualiza e promove - um ataque à dignidade da mulher, que é comprada como um produto processado. Para os segundos, a automatização de um cálculo que normalmente é estabelecido mediante a negociação entre famílias vai contra um dos propósitos originais do "lobolo", o de unir as famílias dos pretendentes.
Johanesburgo, 6 fev (EFE).- Quem pretende se casar na Nigéria, no Quênia ou na África do Sul, já não precisa pechinchar o dote que entregará à família de sua prometida: um aplicativo para celulares permite calcular, com parâmetros de idade, altura e peso da mulher, o número de vacas que deverão ser entregues a seus pais.
O lançamento do chamado "Máquina de calcular de lobolo" (nome que recebe o dote no sul do continente) neste ano causou furor e polêmica na África do Sul, onde o criador do aplicativo - que já tem mais de 20 mil downloads - foi acusado de desvirtuar a tradição e fomentar o machismo.
"O povo que pensa que o aplicativo é sexista deve se perguntar se o problema é com o aplicativo ou com a cultura do 'lobolo", disse à imprensa local o artífice da invenção, Kopo Robert Matsaneng, que ressalta a intenção recreativa do programa.
"Eu não inventei a tradição, simplesmente a refleti", defende-se o programador, que lembra, além disso, que o aplicativo permite, para ser mais "divertido", calcular também o valor de um homem, algo alheio à tradição africana.
Ciente da evolução da sociedade e de que muitas famílias nestes tempos dão suas filhas para casamento em troca de dinheiro, ao invés de vacas, Matsaneng oferece também o valor do dote em rands (moeda sul-africana) e em dólares.
A importância que tem o aspecto físico na taxação centrou boa parte das críticas, mas o aplicativo leva em conta também a situação civil, educativa e laboral da futura esposa.
Assim, uma mulher com estudos universitários, que não tenha sido mãe e não tenha se casado, será mais valiosa para a família do marido do que outra de menor formação que venha em lote com os filhos e já tenha passado pelo altar.
"Na parte da educação, acrescente por favor o nível de qualificações de pós-graduação... Não estou fazendo todos estes estudos para nada", diz na página do aplicativo uma jovem que fez download do programa.
Outra sugestão de melhora é introduzir como critério de cálculo os dotes da candidata.
Segundo o calculador, a família de uma jovem de 27 anos, 1m65 de altura, 58 quilos e tamanho 38, considerada atraente, com estudos universitários e emprego, solteira e sem filhos, receberá como dote nove vacas ou US$ 6.651.
Se a mulher tem 40 anos, mede 1m60, pesa 80 quilos e usa um tamanho 46, tem apenas bacharelado, não trabalha, já foi casada e tem filhos, o cálculo tem um saldo negativo de duas vacas ou US$ 1.339, que presumivelmente ela deverá pagar à família do marido.
Como se fosse pouco, o calculador dá o valor médio do "lobolo" que é pago em distintas zonas da África do Sul, assim como nos pequenos reinos de Lesoto e Suazilândia, ajudando a escolher a zona na qual buscar esposa de acordo com as possibilidades econômicas de cada um.
"Este aplicativo é o futuro. Acho que nossos pais deveriam conhecê-lo e começar a usá-lo em suas negociações (entre famílias, na hora de pedir o dote)", escreve Nini Skosana, outra usuária.
Mas nem todo mundo recebeu com tanto entusiasmo a "máquina de calcular". Entre os críticos há tanto opositores como partidários do 'lobolo'.
Os primeiros consideram a tradição - que este aplicativo atualiza e promove - um ataque à dignidade da mulher, que é comprada como um produto processado. Para os segundos, a automatização de um cálculo que normalmente é estabelecido mediante a negociação entre famílias vai contra um dos propósitos originais do "lobolo", o de unir as famílias dos pretendentes.
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