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Ministro da Cultura italiano propõe reconstruir areia do Coliseu

03/11/2014 13h59

Roma, 3 nov (EFE).- O ministro da Cultura da Itália, Dario Franceschini, propôs que se reconstrua a areia do Coliseu, em Roma, onde os gladiadores se exibiam e eram realizados espetáculos de todo tipo, medida defendida por alguns arqueólogos.

"Espero que se discuta sobre minha proposta, mas tenho certeza que se o projeto for em frente conseguiremos os fundos necessários", afirmou Franceschini nesta segunda-feira em um ato em Turim.

O ministro abriu ontem o debate quando expressou em sua conta no Twitter seu entusiasmado pela proposta do Coliseu recuperar sua areia original, como era até o século XIX, segundo as pesquisas do arqueólogo Daniele Manacorda publicadas na revista especializada "Archeo" em julho.

"A ideia do arqueólogo Manacorda me agrada muito. É necessário só um pouco de coragem", disse o ministro da Cultura italiano, que divulgou uma das fotos do projeto do arqueólogo, professor da Universidade Terza, em Roma.

O projeto de Manacorda prevê instalar madeira no solo do Coliseu, para que a areia possa ser colocada novamente. Além disso, um museu seria construído no subterrâneo do Coliseu, que hoje em dia está exposto.

O solo do Coliseu existiu até o século XIX, segundo revelam algumas imagens, mas somente em algumas partes, e devido a muitos erros dados arqueológicos foram perdidos. O solo acabou sendo então eliminado para expor o subterrâneo, de acordo com Manacorda.

As imagens do Anfiteatro Flavio, nome real do Coliseu, mostram que a areia existia e era usada em eventos públicos e privados.

O especialista denuncia que ninguém se ocupou dos subterrâneos do Coliseu, que deveriam estar, como o próprio nome indica, sob a terra.

O responsável pelos bens arqueológicos de Roma, Mariarosaria Barbera, anunciou "que já se está trabalhando no estudo desta possibilidade de reconstrução", segundo publicou hoje o jornal "La Stampa".

A proposta abriu um debate entre os especialistas na Itália, que se dividem entre contrários e favoráveis a esta intervenção.

Para o arqueólogo Andrea Carandini, conhecido por suas descobertas no Palatino, não se trataria de uma "revolução", mas de uma oportunidade para "valorizar o existente".

O historiador de arte Tomaso Montanari pensa que a construção da areia é "banal", enquanto outros criticam a destinação de fundos para esta proposta em um momento difícil para o patrimônio cultural italiano.

O Coliseu foi já utilizado em várias ocasiões para eventos e concertos, por isso algumas pessoas acreditam que não seria um problema sua reconstrução com areia, e inclusive daria uma ideia melhor de como foi o monumento para os milhões de visitantes por ano.

O anfiteatro construído no século I em homenagem à Dinastia Flavia, mas que passou a ser chamado Colosseum por uma grande estátua de Nero localizada junto ao espaço está sendo atualmente restaurado graças ao financiamento de 25 milhões de euros doados pelo grupo de moda e calçado Tod's, da família italiana Della Vale. EFE

ccg/dk