Exposição conta a vida da primeira imperatriz do Brasil
O Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro abriu as portas nesta quarta-feira (14) para uma exposição que conta a vida de Leopoldina da Áustria, a primeira imperatriz do Brasil, a partir de sua chegada ao país, em 5 de novembro de 1817, até o momento de sua prematura morte em 1826, quando apenas tinha 29 anos.
Trata-se de um curto período de tempo, porém decisivo para história do país, pois nesses anos começou o processo que, em 1822, culminaria com a independência da então colônia de Portugal e a constituição de um Estado autônomo: o Império do Brasil.
Em todo esse processo, Leopoldina teve um envolvimento direto.
A historiadora e curadora da exposição, Solange Godoy, destacou à Agência Efe o "compromisso de Leopoldina com o Brasil e sua adaptação às circunstâncias, ao invés de retornar à Europa".
Segundo a historiadora, "sua grande contribuição consistiu na coragem de definir sua posição para o Brasil, permanecer no Brasil, enfrentar as dificuldades do processo de independência, e assumir a causa brasileira".
Leopoldina da Áustria ocupa por ela mesma, e não pela qualidade de esposa do imperador Pedro I, um papel muito importante na história do Brasil, a ponto de, com esta mostra, o museu "coroar uma série de exposições que desde 1998 vem realizando sobre os personagens de maior importância na história do país", explicou a diretora da instituição, Vera Tostes.
A exposição da imperatriz veio após as realizadas sobre João VI de Portugal, Carlota Joaquina de Bourbon e Pedro I.
Apesar de sua importância histórica, os cariocas associam o nome da imperatriz principalmente à escola de samba Imperatriz Leopoldinense ou à estação ferroviária Leopoldina.
"Quantas pessoas no Brasil vivem em municípios chamados Leopoldina sem relacionar esse nome com a primeira imperatriz?", pergunta Vera Tostes. Por isso, a mostra, diz, "não parte de um conceito tradicional nascimento-educação-chegada ao Brasil, mas inverte a situação e começa pelo que já se conhece sobre a imperatriz".
Quem vai à exposição vê logo após a entrada as grandes réplicas de animais que tanto a cativaram na chegada ao Brasil: onças, aves, tatus, serpentes e outras reproduções doadas à mostra pela escola de samba Imperatriz Leopoldinense, que as exibiu no Sambódromo no último carnaval.
Além disso, pode-se observar mais de 200 objetos: quadros, vestidos, mobília, carroças e muitas cartas escritas durante sua estadia no Brasil. "Essas são o fio condutor com o qual concebemos e montamos esta exposição porque refletem com muita fidelidade a importância de seu papel na realidade brasileira", disse Godoy.
Leopoldina, conta a historiadora, "escreveu mais de mil cartas que hoje estão no arquivo do Museu Imperial de Petrópolis e em Viena, sua cidade natal, embora 380 delas tenham sido traduzidas e divulgadas em português".
A exposição é intitulada: "Com a palavra, Dona Leopoldina, Imperatriz do Brasil", para destacar a importância dessas cartas.
Em seus primeiros dias, a exposição coincide com um seminário internacional, no próprio museu, sobre "Dona Leopoldina e seu tempo: sociedade, política, ciência e arte no século XIX".
O acervo do Museu Histórico Nacional nutre a exposição, embora incorpore obras alusivas de artistas contemporâneos como Clécio Penedo e Susi Cantarino, e inclusive reproduções históricas da época imperial realizadas com bonecos "Playmobil".
A exposição vai até o dia 1° de março de 2015 e tem como objetivo mostrar, especialmente para os mais jovens, esta mulher muitas vezes esquecida ou relegada ao segundo plano na história nacional.
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