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Buzzfeed, a sensação midiática do momento nos Estados Unidos

28/08/2014 10h39

Teresa Bouza.

San Francisco, 28 ago (EFE).- "Estamos crescendo muito" e "somos rentáveis" são frases pouco utilizadas nos dias atuais nos meios de comunicação, exceto quando se fala do Buzzfeed, a sensação midiática do momento nos Estados Unidos.

O site de notícias e entretenimento recebeu US$ 50 milhões de capital de risco neste mês, com os quais redobrará sua aposta pela produção em vídeo e sua presença em países como México e Japão.

A empresa nasceu em 2006 como um laboratório tecnológico para averiguar os motivos de alguns conteúdos se transformarem em virais na rede e como e por que as pessoas os compartilham.

Apoiado pelo sucesso de redes sociais como Facebook e Twitter, o site ganhou logo popularidade entre uma audiência jovem que abraçou os conteúdos leves do Buzzfeed, suas listas fáceis de compartilhar, fotografias engraçadas e vídeos de gatos e outros animais.

"Tivemos muita sorte", disse em entrevista à Agência Efe o vice-presidente internacional do Buzzfeed, Scott Lamb, que reconheceu que o sucesso do site depende muito do Facebook e do Twitter, já que 75% de seus acessos têm origem nas redes sociais.

Lamb acredita que o perfil eminentemente tecnológico da empresa, que tem "a sorte" de não estar associada com uma companhia de mídia tradicional e pode se concentrar no digital, foi o que permitiu seu crescimento rápido.

Chris Dixon, sócio da firma de capital de risco do Vale do Silício Andreessen Horowitz, que injetou US$ 50 milhões no Buzzfeed, tem a mesma opinião: "Vemos o Buzzfeed como uma empresa tecnológica. Eles abraçam a cultura da internet. Tudo é otimizado para os canais móveis e digitais", disse neste mês ao jornal "The New York Times".

Depois de oito anos de sua criação e com os cofres bem carregados, o Buzzfeed aumentou seu conteúdo de notícias, vem atraindo mais de 150 milhões de visitantes por mês, tem mais de 500 funcionários, versões em francês, espanhol e português, escritórios nos EUA, Grã-Bretanha, Alemanha e Índia e um modelo de negócios rentável baseado em conteúdo patrocinado.

"Toda a nossa receita provém do conteúdo patrocinado. Temos uma equipe publicitária completamente separada da editorial, mas que, assim como eles, são bons em criar coisas que as pessoas querem compartilhar na internet", explicou Lamb.

Esse grupo de 75 pessoas trabalha diretamente com as empresas para criar conteúdo adequado à mensagem que as companhias querem transmitir e que é publicado na forma de artigos e vídeos no Buzzfeed com uma legenda especificando que é publicidade.

"A ideia é criar conteúdo interessante e divertido que as pessoas compartilhem, mesmo que sejam anúncios", disse Lamb.

O diretor afirmou que quando os usuários compartilham algo na internet estão expressando um ponto de vista sobre eles mesmos e o mundo e que tendem a difundir artigos e vídeos surpreendentes, inspiradores, engraçados e relevantes.

"O conteúdo que não tem um ponto de vista não costuma ser compartilhado e nós o evitamos", declarou Lamb.

Pensando no futuro, a empresa planeja destinar mais recursos para sua divisão de vídeo, o BuzzFeed Motion Pictures, com sede em Los Angeles, e criar, além dos clipes curtos que são feitos na atualidade, versões mais longas, de até 20 minutos.

Também pretende expandir sua presença internacional este ano no Japão e na Cidade do México, uma metrópole "muito vibrante, com uma crescente presença de novas empresas e forte no setor de mídia", disse Lamb.

O executivo aproveitou também para minimizar a importância daqueles que alertam que sua dependência de empresas como o Facebook é perigosa e deixam o Buzzfeed em uma situação vulnerável.

"Se o Facebook decidir mudar seus algoritmos amanhã, os anúncios publicitários virais podem desaparecer num piscar de olhos. Eles colocam sua existência inteira nas mãos de outra companhia", alertou o analista da Forrester Research, Nate Elliott.

Em resposta a essas advertências, Lamb disse que a empresa "diversifica constantemente a forma com a qual chega aos seus leitores. Não dependemos de uma plataforma única".