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Argentina celebra centenário de Cortázar com exposição sobre vida e obra

O escritor argentino Júlio Cortázar, em foto de 1976 - Reprodução
O escritor argentino Júlio Cortázar, em foto de 1976 Imagem: Reprodução

22/08/2014 21h52

Fotografias, textos, música e até mesmo gravações com sua voz integram "Julio Cortázar 1914-2014", a exposição que foi inaugurada nesta sexta-feira (22) em Buenos Aires e que constitui um recorrido pela vida do autor argentino poucos dias antes que se completem 100 anos de seu nascimento.

"São pinceladas sobre a vida e a literatura de Cortázar", disse à Agência Efe Liliana Piñeiro, diretora-executiva da Casa Nacional do Bicentenário, onde a mostra poderá ser vista até o final de setembro.

"É uma síntese biográfica cruzada pelos livros que escreveu", afirmou Piñeiro ao descrever a exposição, coproduzida pelo Ministério de Cultura da Argentino e a Tecnópolis.

Entre esses cruzamentos entre realidade e ficção, as mudanças de cenário são essenciais, ressaltou Piñeiro.

"Foi uma pessoa que viveu em um país quase a metade de sua vida e depois em outro e em sua literatura a passagem está permanentemente presente, como arquitetura. Muitos contos começam em um lugar e depois há uma passagem que os leva a outro", detalhou.

Do material selecionado para a exposição, destacam-se as fotos do genial escritor argentino feitas por prestigiados fotógrafos como Sara Faccio, Manja Offerhaus, Alicia D'Amico e Dani Yako.

Além disso, os visitantes podem escutar a voz do autor de "O Jogo da Amarelinha" lendo fragmentos de seus textos intercalada com a música que ele amava, especialmente peças de jazz.

"Nossa intenção é recordá-lo, homenageá-lo e ver se acendemos um pavio para que os que não o conheceram se animem a lê-lo e os demais a ler novamente", acrescentou a responsável da instituição.

Para Piñeiro, a literatura de Cortázar segue tendo grande vigência no século XXI e deixou uma grande marca no imaginário argentino.

Segundo sua opinião, apesar de ter vivido tantos anos fora da Argentina, Cortázar "sempre escreveu como um portenho" e "O Jogo da Amarelinha" "oferece um olhar de Paris com a visão de um portenho".

Piñeiro ressaltou também que, apesar da distância geográfica e sua integração na sociedade francesa, o escritor manteve também um compromisso político durante a última ditadura argentina (1976-1983).

"Um entre todos nós tem que escrever, se é que tudo isto vai ser contado", se lê em um cartaz de luzes azuis elétricas que faz referência a "Las babas del diablo", um de seus textos emblemáticos.

As capas de suas obras mais famosas também estão penduradas nas paredes da Casa Nacional do Bicentenário, enquanto fragmentos das mesmas podem ser lidas nas vitrines.

"Julio Cortázar 1914-2014" foi inaugurada no último mês de abril no marco do festival literário "Encontro Federal da Palavra", realizado nos arredores de Buenos Aires, mas Piñeiro ressalta que a mostra foi adaptada ao novo espaço.

A exposição faz parte do Ano Cortázar 2014, organizado pelo governo argentino para homenagear o escritor por ocasião do centenário de seu nascimento em Bruxelas no dia 26 de agosto de 1914 e o 30º aniversário de sua morte, ocorrida em Paris em 12 de fevereiro de 1984.

Os atos comemorativos continuarão na próxima semana com múltiplas atividades, entre elas a realização das jornadas internacionais "Leituras e releituras de Julio Cortázar", nas quais mais de 40 escritores e acadêmicos analisarão seu legado literário.

O escritor argentino será homenageado também em outras duas mostras simultâneas, "Los otros cielos", no Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires, e "Rompecortázar", no Palais de Glace, e em atividades organizadas em Banfield e Chivilcoy, os municípios da província de Buenos Aires onde residiu durante sua infância e juventude.