Jornalistas do Le Monde discutem futuro do jornal após demissão coletiva
Após um encontro de cerca de três horas, os jornalistas estabeleceram esse prazo, antes de se reunirem na próxima quarta-feira, 14, com os acionistas e analisar os próximos passos.
Os grupos que representam a equipe da edição em papel e da digital tinham denunciado "uma perda global de confiança na direção do rotativo" e pedido "uma direção coletiva e funcional" que escutasse "de verdade" seus funcionários.
Embora a saída de Natalie Nougayrède da direção esteja nas mãos do trio de sócios financeiros, Pierre Bergé, Xavier Niel e Matthieu Pigasse, sua posição ficou muito enfraquecida após o episódio.
O conflito estava sendo gestado há meses e explodiu ontem, quando esses sete redatores-chefe, a maioria responsáveis por editoriais digitais, apresentaram sua demissão em bloco, uma situação inédita nos 70 anos de história do jornal.
A renúncia, que não acontecerá até que sejam substituídos, foi o ápice da crise editorial e de gestão que atravessa o mais prestigiado jornal da França e chegou através de uma carta à direção da empresa.
"Há vários meses, enviamos várias mensagens para alertar das graves disfuncionalidades, da ausência de confiança e de comunicação com a direção do jornal", dizia a carta.
Elas se queixavam que nesse todo tempo tinham tentado apresentar soluções, "sem sucesso", o que os levou a constatar que já não estão em condições de cumprir com as tarefas atribuídas.
Na origem do conflito está o desacordo sobre a fórmula para a edição em papel prevista com a chegada em março de 2013 de Nougayrède à direção, após a morte repentina de Erik Izraelewicz causada um infarto.
E, dentro do projeto, um plano de mobilidade interna aparentemente não pactuado, que prevê o fechamento de 57 postos da redação em papel e sua redistribuição interna, principalmente na seção digital, onde, de acordo com o que vazou da reunião, não será renovado para os que têm contrato temporário.
A ideia original era aplicar os projetos até fim de junho, mas a demissão de terça-feira levou Louis Dreyfus, presidente do grupo, a desacelerar o ritmo das reformas e adiá-las até setembro.
Nougayrède e seus dois adjuntos, segundo os outros veículos da imprensa francesa, estão isolados e viram ser rechaçados e combatidos os projetos em andamento, em um momento em que os redatores criticam não serem levados em consideração.
Alguns redatores-chefe tinham ameaçado renunciar no fim do ano passado, uma situação que não parecia ter melhorado desde então.
Este domingo, como publicou hoje o jornal "Libération", a diretora chamou os que tinham advertido de novo sobre a intenções de sair de "golpistas".
O desafio lançado contra Nougayrède, antiga correspondente em Moscou e correspondente diplomática, contrasta com o apoio majoritário que recebeu o assumir o comando.
Na época, 79,98% da redação apoiou a nomeação de Nougayrède, que se transformou na primeira mulher a tomar as rédeas do jornal.
A demissão dos redatores-chefe foi precedida na semana passada de um relatório publicado pela Mediapart e realizado pela empresa Technologia, especializada na avaliação e prevenção de riscos profissionais, que revelava a sensação de falta de projeto editorial claro, de perda de confiança e de respostas.
"A desconfiança com a direção é compartilhada de baixo até o topo", garantiu o sindicato CFDT em declarações a "Libération", nas quais antecipa que as boas intenções mostradas para o futuro "não são suficientes".
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