García Márquez deve deixar hospital na terça-feira (8), diz seu filho
A saúde do colombiano Gabriel García Márquez "evolui muito bem" e espera-se que na terça-feira (8) o escritor receba alta do hospital mexicano onde foi internado na segunda-feira (31), afirmou nesta sexta-feira (4) seu filho Gonzalo García Barcha.
"Está sendo muito bem atendido e tudo evolui muito bem", afirmou na porta do hospital, onde o Nobel de literatura foi internado por um quadro de desidratação e infecção pulmonar e de vias urinárias. "Nada novo. Tudo evolui muito bem e, como disse ontem, está previsto que saia na terça-feira", acrescentou o filho do autor.
García Márquez, de 87 anos, que vive no México há décadas, está sendo tratado no Instituto de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán. Embora tenha sido hospitalizado na segunda-feira, a notícia só foi divulgada ontem.
Segundo informou na quinta-feira a Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal, o autor de "Cem Anos de Solidão" foi hospitalizado "por um quadro de desidratação e um processo infeccioso pulmonar e de vias urinárias".
"Está tomando antibióticos" e quando completar tratamento "sua alta será avaliada", acrescentou a mesma fonte no breve comunicado divulgado ontem.
Uma porta-voz da Secretaria de Saúde disse que hoje o órgão não tinha recebido novas informações sobre o caso.
Por sua parte, o motorista do autor, Genovevo Quirós, que lhe foi levar os jornais do dia, disse que o prêmio Nobel tinha comentado que os jornalistas que fazem guarda diante do hospital "estão loucos".
"Ele me disse que era melhor que vocês fossem trabalhar", declarou aos jornalistas o motorista do escritor, que apesar de sua avançada idade deu sinais de seu bom humor em suas últimas aparições públicas.
O motorista também comentou que "está por terminar" o tratamento com antibióticos e que García Marquez praticamente "está com um pé fora do hospital".
A hospitalização do escritor provocou comoção no México por sua idade avançada, embora nas últimas ocasiões que apareceu publicamente, como no último dia 6 de março, tenha mostrado um bom semblante.
Nesse dia apareceu na porta de sua casa para saudar os jornalistas que o esperavam porque nessa mesma data completava 87 anos, e cantou brevemente com eles "Las Mañanitas", a canção típica de aniversário no México.
No México, o presidente Enrique Peña Nieto expressou ontem seu desejo que o Nobel de Literatura de 1982 possa se recuperar em breve, da mesma forma que fez também, de Bogotá, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
Hoje uniu-se ao mesmo desejo, de Havana, o número dois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), "Ivan Márquez", chefe da delegação desse grupo nas negociações de paz com o governo colombiano que acontecem em Cuba.
Última aparição
A última aparição em público de García Márquez foi em 6 de março, quando saiu de sua casa no sul da Cidade do México para conversar com jornalistas em ocasião de seu aniversário.
O autor de "Cem anos de solidão" mostrou-se sorridente, recebeu presentes e tirou fotos, mas não falou com os jornalistas.
Nos últimos anos, restringiu ao máximo suas aparições em público e declarações por motivos de saúde.
Vida e obra
O escritor de 87 anos é considerado um dos autores de língua espanhola mais populares desde Miguel de Cervantes, no século 17. A fama literária extraordinária que alcançou em vida é comparável a de Mark Twain e Charlens Dickens. Ele vive no México há mais de 30 anos.
"Cem Anos de Solidão" , seu romance épico e alucinante, vendeu cerca de 50 milhões de cópias em mais de 25 línguas, e sua publicação em 1967 foi o marco de um boom da literatura latino americana que durou duas décadas.
Outros clássicos contemporâneos do homem de sobrancelhas negras espessas e bigode branco, conhecido pelos amigos apenas como "Gabo", incluem "Crônica de uma Morte Anunciada", "O Amor nos Tempos do Cólera", "O General em Seu Labirinto" e "O Outono do Patriarca ".
García Marquez ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1982, e seus romances superaram as vendas de tudo o mais publicado em espanhol, exceto a Bíblia. Ao lado de escritores como Norman Mailer e Tom Wolfe, ele também foi um dos pioneiros da literatura de não-ficção, gênero que ficaria conhecido como New Journalism.
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