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Lendário teatro Apollo, berço de lendas dos EUA, completa 80 anos

Rafael Cañas

26/01/2014 10h30

Nova York, 26 jan (EFE).- O lendário teatro Apollo, um dos palcos mais relevantes da música americana e testemunha do início da carreira de figuras como Ella Fitzgerald e Michael Jackson, completa 80 anos neste domingo disposto a seguir protagonizando a vida do espetáculo nova-iorquino.

O teatro, símbolo do Harlem e uma das joias da cultura afro-americana da cidade, inclusive recebeu um comício de Barack Obama no final de 2007 dentro de sua campanha para a Casa Branca nas eleições do ano seguinte.

Para celebrar seu aniversário, o Apollo previu uma série de eventos especiais durante as próximas semanas, embora ainda não tenha divulgado os detalhes.

Com seus mais de 1.500 assentos e seu famoso cartaz luminoso de letras vermelhas, o teatro da rua 125 é um autêntico templo para os músicos de jazz, rythm & blues e soul, assim como o Met é para a ópera e o Carnegie Hall para a música clássica.

As veneráveis tábuas do palco do Harlem foram testemunhas do início das carreiras de Ella Fitzgerald, Billie Holliday, Diana Ross & The Supremes, Aretha Franklin, Steve Wonder e Marvin Gaye, além de memoráveis shows de grandes figuras como Charlie Parker, Duke Ellington e Louis Armstrong.

O Apollo abriu suas portas em 26 de janeiro de 1934 e já desde o princípio lançou suas noites de apresentações de amadores, nas quais nesse mesmo ano estreou uma jovem Ella Fitzgerald, então com 17 anos.

Durante suas primeiras décadas, o teatro se transformou em um dos pontos nevrálgicos da música da cidade, especialmente da comunidade negra, e, além das grandes figuras, sempre se destacou pelas oportunidades que dava aos novos valores.

Nos anos 50, além da música popular, chamava a atenção a crescente presença do jazz, com intérpretes que se consolidaram depois como figuras essenciais do gênero: Sara Vaughan, Miles Davis, Thelonius Monk e John Coltrane.

Além disso, o Apollo abraçou a crescente importância da música latina no Harlem, com intérpretes como o lendário Tito Puente.

O sucesso do disco que James Brown gravou ao vivo em 1962, "Live at the Apollo", também colocou o teatro "na moda", como lugar para realizar gravações.

Mas, enquanto isso, também continuavam os concursos de intérpretes amadores, como Jimmy Hendrix, que ganhou um em 1964, enquanto três anos depois fizeram o mesmo os Jackson Five, entre os quais se destacava o menor dos cinco irmãos, um garoto de oito anos chamado Michael.

Também nos anos 60 se apresentaram ali um "Little" Stevie Wonder e grupos de pop como The Supremes e The Temptations.

O Apollo viveu seu pior momento nos anos 70, quando os problemas econômicos da empresa proprietária e o aumento da criminalidade no Harlem o forçaram a fechar suas portas em 1976, embora depois tenha sido reaberto de forma intermitente a partir de 1978 para grandes shows, como por exemplo de James Brown.

A reabertura definitiva não chegou até 1981, quando uma nova empresa comprou o teatro, cujo edifício foi catalogado e protegido legalmente em 1983.

A noite de apresentações de cantores amadores voltou no final de 1985. Desde 1987, o programa "Showtime at the Apollo" é um dos mais populares da rede de televisão "NBC".

Desde 1991, o teatro é propriedade do estado de Nova York, que criou uma fundação para assegurar a sobrevivência e a vitalidade da instituição.

Além de lugar mítico de shows, o Apollo se transformou em um local de último adeus, e no final de 2006, dezenas de milhares de pessoas foram até ali para se despedir do lendário James Brown, um dos músicos que mais glória deram ao teatro.

Também dezenas de milhares se reuniram no Apollo em 2009 para uma cerimônia de despedida a Michael Jackson.

Com todo direito, o cartaz situado sobre a entrada diz: "Teatro Apollo. Onde nascem as estrelas e fazem-se as lendas".