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Cidade industrial, Winterthur se transforma em centro cultural da Suíça

Cidade industrial, Winterthur se transforma em centro cultural da Suíça - EFE
Cidade industrial, Winterthur se transforma em centro cultural da Suíça Imagem: EFE

Sara Gómez Armas

30/11/2013 10h08

Apesar de seu nome soar como companhia de seguros, Winterthur é uma cidade com quase 750 anos de história que viveu toda a sua glória com a Revolução Industrial, uma época dourada que agora revive transformada em um centro cultural da Suíça, com mais de 17 museus municipais para pouco mais de 100 mil habitantes.

Na passagem do século 19 para o 20, Witerthur experimentou um rápido desenvolvimento industrial que se tornou um dos motores econômicos do país. E não é para menos, ali nasceu o UBS, o maior banco suíço.

Agora, um século depois, a sexta maior cidade da Suíça nega o rótulo de cidade dormitório de Zurique, que fica a apenas 25 quilômetros, e construiu uma rica vida cultural e de entretenimento que borbulha em suas ruas e museus, onde se podem ver pinturas de Monet, Renoir, Picasso e, claro, o "orgulho" pátrio, o escultor Alberto Giacometti.

Entre os museus, com mais de 500 obras, se destaca a coleção de Oskar Reinhart, herdeiro de uma dinastia de comerciantes que fizeram fortuna com o comércio de algodão no século 19. Sua casa foi doada à cidade, junto com cerca de 800 pinturas e desenhos acumulados desde 1900.

A luxuosa casa, agora transformada em galeria que leva seu nome, contém pinturas de impressionistas, como Edouard Manet, Paul Cézanne, Auguste Renoir e Vincent van Gogh, em conjunto com as de mestres dos séculos 17 e 18, como Lukas Cranach, Hans Holbein, Nicolas Poussin e Francisco Goya.

Fundada em 1858 e alimentada em um primeiro momento por doações de Reinhart de pinturas pós-impressionistas, o Museu de Belas Artes da cidade encontrou na arte moderna sua principal atração, com uma sólida coleção de obras que percorrem as vanguardas do século 20, com peças de Paul Klee, Piet Mondrian e de cubistas como Georges Braque e Fernand Leger.

Mas talvez o orgulho da cidade seja o Museu de Fotografia, que completa agora dez anos como o único museu da Suíça especializado nesta disciplina artística, com mais de 30 mil originais de fotógrafos de renome mundial, como Robert Frank, Richard Avedon, William Eggleston e da dupla Fischli/Weiss.

Além do valor artístico de sua coleção de fotos, este museu é o que melhor representa a transformação da cidade de centro industrial em centro cultural, já que foi construído sobre uma antiga fábrica têxtil.

No entanto, esta mutação é especialmente palpável no distrito de Sulzer, onde se desenvolveu o tecido industrial da cidade a partir de 1830 com a instalação de uma oficina da empresa de fabricação de conglomerado com o mesmo nome.

Agora, em pleno século 21, as antigas fábricas e oficinas de Sulzer foram transformadas em modernos apartamentos, escritórios, escolas, centros culturais, bibliotecas e shoppings, no entanto, tem respeitado a arquitetura industrial da época.

Cercada por sete colinas de floresta exuberante, Winterthur é muito mais que museus e indústrias reconvertidas. Caminhar por sua parte antiga, com uma das áreas para pedestres mais extensas da Suíça, é um agradável percurso por ruas de paralelepípedos e salpicadas de casas baixas com as fachadas pintadas em tons pasteis, pequenas lojas artesanais e agradáveis cafés.

Winterthur ainda lembra companhia seguros? A seguradora do mesmo nome foi criada em 1875 e ainda conta com escritórios na cidade, mas desde sua fusão em 2007 com o grupo francês AXA sua sede mudou para Paris.