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Porto Rico celebra 520 anos de descobrimento, por Colombo ou Pinzón

19/11/2013 16h55

Mar Gonzalo.

San Juan, 19 nov (EFE).- Porto Rico celebra nesta terça-feira os 520 anos de seu descobrimento por Cristóvão Colombo na sua segunda viagem às Américas, mas muito contestada por alguns historiadores.

"A teoria mais difundida é que Colombo foi o descobridor destas terras em 19 de novembro de 1493, mas outros renomados historiadores sustentam que antes dele o navegador Martín Alonso Pinzón já tinha feito", explicou à Agência Efe Luis González Vales, historiador oficial de Porto Rico.

Acredita-se que Pinzón chegou realmente antes que Colombo ao território povoado por cerca de 100 mil índios da tribo Taino, repartidos em meia centena de aldeias. Elas eram lideradas por caciques, que chamavam a ilha de algo como Boriken. Por isso, ainda hoje os porto-riquenhos também são chamados de boricuas.

Na opinião de González Vales, assim como o falecido historiador espanhol Juan Manzano y Manzano e outros especialistas porto-riquenhos, no final de 1492, quando Colombo estava no forte de La Navidad, tirando os restos da sua caravela encalhada em Santa Maria (no litoral do que hoje é Haiti), Pinzón "esteve desaparecido por alguns dias".

"Sabe-se que Pinzón foi navegando em direção ao leste, mas suas explicações não foram muito convincentes", explicou o historiador. "Ao chegar às terras espanholas pela Galícia, antes de Colombo, Pinzón contou aos reis católicos o que tinha descoberto, mas eles optaram por esperar o almirante".

Vicente Yáñez Pinzón, irmão do navegante, "foi o primeiro que se interessou pela exploração de Porto Rico", segundo González Vales. "Assinou uma capitulação com os reis e inclusive trouxe alguns cabritos e porcos, mas esse documento não chegou a ser validado".

No quinto centenário do descobrimento, Antonio Rumeu de Armas, membro da reitoria da Real Academia da História da Espanha, recuperou o Manuscrito do Livro Copista de Cristóvão Colombo. Nele está a passagem de uma carta do navegante e cartógrafo entregue aos reis católicos dando suas primeiras impressões sobre a Ilha do Encantamento, como Porto Rico também é conhecida.

No depoimento mais claro que se conhece sobre a chegada, Colombo conta que, pelo que podia ver, a nova ilha tinha "terras melhores que as da Sicília", com muito bons portos, muita água, grandes rios, terras aráveis e limpas de montanhas.

Mas "cometeu o erro de dizer que seus habitantes comiam carne humana, algo que se descobriu mais tarde que não era verdade", afirmou Luis González Vales.

O historiador oficial conta que, de fato, Colombo nunca teve contato direto com os índios, já que os nativos que esconderam em lugares mais altos, indo para as montanhas do interior para observar sem serem vistos. De acordo com ele, o navegador genovês chamou as terras de San Juan Bautista, nome que com o tempo batizaria a capital, San Juan.

Se foi Pinzón ou Colombo o verdadeiro "descobridor" das terras, o fato é que hoje é um dia festivo em Porto Rico porque se celebra o "descobrimento" e também o início de uma nova etapa na história da ilha, cuja riqueza étnica e cultural se engrandeceu ainda mais com a chegada de escravos alguns séculos mais tarde.

Apesar da pouca população indígena atual, um estudo realizado pelo médico e pesquisador universitário Juan Carlos Martínez Cruzado revelou que 62% dos porto-riquenhos ainda têm heranças indígenas por via materna. E 27% têm herança negra e 11% europeia.

Apesar disso, no censo realizado pelos Estados Unidos, 80% dos porto-riquenhos se definiam como brancos; só 7,9%, como negro ou afro-americano, 7% como "de alguma outra raça" e somente 0,3% como índio americano.

"Não é certo que a raça taina tenha desaparecido totalmente. Em censos realizados no final do século XVIII aparece a presença de índios e, na atualidade, a maior parte dos porto-riquenhos a leva no DNA", resumiu Luis González Vales.