"O Conselheiro do Crime", longa obscuro com elenco de peso, estreia no Brasil

Judith Mora.

Londres, 25 out (EFE).- "O conselheiro do crime", o último filme do diretor inglês Ridley Scott, com roteiro de Cormac McCarthy, reúne um elenco estelar, de Brad Pitt a Penélope Cruz, que dá brilho a uma trama obscura cheia de sangue e violência.

O filme, que estreia nesta sexta-feira no Brasil, narra a história de um advogado (Michael Fassbender) que, para conseguir dinheiro, se infiltra em uma operação mexicana de tráfico de drogas, que lhe reserva um destino inesperado.

Tanto ele como sua noiva, Laura (Penélope Cruz), sofrerão as consequências de um plano que também envolve o poderoso empresário Reiner (Javier Bardem), Malkina (Cameron Díaz), e o sórdido Westray (Brad Pitt).

"É uma história implacavelmente precisa e impiedosa, como frequentemente é a vida", disse Scott durante a apresentação do filme em Londres, que, apesar estar ambientado na fronteira dos Estados Unidos com o México, foi rodado quase totalmente na Espanha.

Trata-se do primeiro roteiro do escritor americano Cormac McCarthy - autor, entre outras obras, de "A Estrada" e "Onde os Fracos Não Têm Vez " - e, como seus romances, "tem o poder de te fazer sentir incômodo", afirma o diretor.

Com diálogos longos e densos, o argumento que McCarthy escreveu em forma de romance, combina ação e evoca paisagens com uma mensagem filosófica sobre "os efeitos que as decisões tomadas têm", diz Fassbender.

O ator germano-irlandês, que já trabalhou com Scott em "Prometheus", é o advogado protagonista (conhecido apenas como "O Conselheiro"), uma pessoa "arrogante que acredita ser melhor do que realmente é" e que, "por insegurança", "deseja acumular posses e vive acima de suas possibilidades", explica em entrevista à Agência Efe.

A avareza o levará a sacrificar mais do que o previsto, aponta o ator, que acredita que a obsessão para mostrar status "é algo muito próprio da sociedade ocidental" e reflete "um momento muito atual".

Outra vítima de suas inseguranças é o personagem de Bardem, "um extravagante proprietário de boates que precisa constantemente ser aceito por todos", como forma de "preencher uma parte dele que está vazia", explica o ator espanhol.

Com óculos de sol chamativos e belas camisas Versace, Reiner vive sob a influência de sua sedutora e misteriosa namorada, Malkina, uma "depredadora" - segundo é dito no filme - magistralmente interpretada por Cameron Díaz.

Penélope é a bela noiva de "O Conselheiro", que "se vê obrigada e sofre as consequências das ações de outras pessoas", o que, aos olhos da atriz, a transforma em "uma vítima".

"Laura representa a luz, confiante, otimista, e, quando se dá conta que está inserida em um buraco negro, sem saída, é tarde demais", diz a atriz.

Penélope que protagonizou uma tórrida cena com Michael Fassbender no início do filme, afirmou que ao contracenar com ele "tudo fluiu muito bem" e que também aprendeu muito com Ridley Scott, com quem já gostaria de ter trabalhado.

O cineasta britânico, autor de clássicos como "Alien, o Oitavo Passageiro (1979) e "Thelma e Louise" (1991), revela com humor que McCarthy, que o escolheu como diretor para sua estreia, foi "uma chateação" durante as filmagens, apesar te ter ouvido sua opinião o tempo todo.

O resultado da parceria é um filme complexo onde às vezes se antepõem as palavras à narrativa visual, mas que, segundo Bardem, "diz duas ou três coisas que valem a pena ouvir".

"Tem momentos obscuros, duros e violentos, mas que não se tratam com o glamour típico dos filmes de ação, mas o autor Cormac McCarthy, está dizendo algo, que Ridley também decidiu contar e que tem a ver com as consequências, com o que significa tomar más decisões".