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Espetáculos de balé brasileiro são destaque do Festival de Outono em Paris

Peça de divulgação do espetáculo "Matadouro", de  Marcelo Evelin, presente no Festival de Outono em Paris. - Divulgação
Peça de divulgação do espetáculo "Matadouro", de Marcelo Evelin, presente no Festival de Outono em Paris. Imagem: Divulgação

María Luisa Gaspar

De Paris

03/10/2013 14h46

Uma rica presença brasileira, a estreia de "Robô!", de Blanca Li e o balé maoísta "O Destacamento Vermelho Feminino", que se despede nesta quinta (3) de Pequim são algumas das pérolas coreográficas da nova temporada no Festival de Outono em Paris.

A partir de 14 de outubro, a dança brasileira tem lugar na temporada com Marcelo Evelin em "Matadouro", obra inspirada em "Os Sertões", romance escrito em 1902 por Euclides da Cunha sobre a brutal repressão de Canudos, no final do século XIX; e em novembro, o Festival de Outono redescobrirá o "hip-hop filosófico" de Bruno Beltrão, que estreia "CRACKz".

Lia Rodrigues toma vários palcos da região com "Pindorama", nome do Brasil antes do descobrimento português.

O espetáculo espanhol "Robô!" fica em cartaz na capital francesa do dia 11 até dia 19 de outubro. A Cyber fantasia de Blanca Li tem oito dançarinos, vários robôs 'Nao'.

De Pequim, o Balé Nacional trouxe ao teatro do Châtelet uma peça de 1964, sobrevivente da era maoísta, tempo no qual a esposa do presidente Mao, Jiang Qing, definia pessoalmente como devia ser a cultura do "homem novo", inclusive na dança.

O público aplaudiu esta semana, após a estreia desse grande balé-propaganda da luta camponesa e feminina, que durante a Revolução Cultural foi um dos oito únicos espetáculos permitidos para o público.

O Châtelet promete somar um terceiro sucesso à sua lista na próxima quarta-feira, desta vez vindo da Argentina, com a estreia da comédia musical de Mora Godoy e Stephen Rayne "Chantecler Tango".

O balé escrito por Tchaikowsky foi escolhido como "rentrée" por Fredrik Rydman, que estreou no Cassino de Paris a versão sueca do Lago dos Cisnes, com seus cisnes ambientados no mundo das drogas. O clássico triunfa no teatro de Rond-Point com uma versão pop em "Swan Lake" sul-africano, com um corpo masculino de balé em tutú, dirigido por Dada Masilo.

A Trisha Brown Dance Company, com vários programas no teatro De Ville; Anne Teresa de Keersmaeker no da Bastilha, com "Ré:Zeitung"; e as "Improvisações tecnológicas" de William Forsythe interpretadas por Noé Soulier são outras das grandes peças do momento, junto com "A Consagração da Primavera".

Deste revolucionário balé russo que estreou há anos em Paris duas versões estarão em cartaz nos arredores de Paris: a reinventada por Akram Khan como uma "ruptura do espírito", em Les Gémeaux (Sceaux), e a reflexão sobre o tempo "... du ++printemps++ !", uma corrida interminável protagonizada por 25 velhos dançarinos não profissionais, que Thierry Thieû Niang levará a Saint-Ouen.

Na Opera Nacional de Paris começou a fechar-se um ciclo, no qual a dança esteve dirigida por Brigitte Lefèvre, que será substituída por Benjamin Millepied em outubro de 2014.

Para a despedida estréia no fim de outubro "Un Voyage en Clair-obscur", de Saburo Teshigawara, junto de duas célebres coreografias do repertório, assinadas por Trisha Brown e Jiri Kylian, no Palácio Garnier.

Ali onde a temporada começou com uma "Dama das Camélias" que em 10 de outubro dará adeus ao Balé da Ópera de uma de suas figuras estelares, Agnès Letestu (1971), parceira artística durante anos do ex-dançarino e atual diretor da Companhia Nacional de Dança espanhola, José Martínez, para quem criou o figurino de muitas de suas coreografias.