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Mostra ArtRua busca romper estereótipos sobre arte urbana no Rio

06/09/2013 14h37

Por Felipe Kopanski.

Rio de Janeiro, 6 set (EFE).- Qual é o valor econômico de um grafite? Essa é uma das perguntas traçadas pela ArtRua, mostra voltada ao mercado da arte urbana e que, até o próximo domingo, buscará romper os estereótipos desse tipo de arte com um grande festival no Rio de Janeiro.

A chuva que caiu no começo da semana assustou, mas a ArtRua - realizada em paralelo à Feira de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro (ArtRio) - contou com a ajuda do "santo tempo" na noite de ontem e iniciou sua segunda edição em terras cariocas conforme o esperado, ou seja, longe de ser arrumadinha.

Mesmo com os artistas ainda finalizando suas obras nos galpões e áreas externas da Vila Olímpica da Gamboa, espaço situado atrás da Cidade do Samba, a feira de arte urbana abriu suas portas para mostrar que, longe do velho estereótipo marginal, o grafite possui um grande valor, inclusive financeiro.

"Não pensamos em um ambiente 'clean', com tudo branco e cirúrgico. Estamos trazendo a rua ao galpão e, por isso, seguimos o conceito da cidade. Isso é mais real e mais simpático. Não queríamos um lugar já pronto", afirmou Fabio Kogut, diretor do Instituto Rua, ao justificar o fato da inauguração ter ocorrido mesmo com a mostra ainda inacabada.

Embora a inundação do antigo armazém ferroviário antes da abertura tenha causado certa tensão, a força tarefa realizada engrandeceu ainda mais a mostra, como revelou o diretor.

"Todos que trabalham com eventos sabem que o 'santo tempo' é importante. Fizemos drenagem, corremos com obras e plásticos e, mesmo assim, ninguém desanimou", ressaltou Kogut.

Com seu Cristo Redentor "papo reto" tombado pela água, o artista Mundano, ao invés de lamentar os estragos em sua intervenção, entrou na onda de superação e expôs ela mesmo assim, mas com outra mensagem em destaque: "A Culpa não é da chuva".

Quem também teve que se superar foi a fotografa Patrícia Thompson, neste caso com uma curiosa montagem de luzes.

"Estava tudo pronto e, de repente, tudo apagou. Foi complicado, mas deu certo. Foi um dos maiores desafios da minha vida e estou muito feliz com o resultado", declarou Patrícia ainda emocionada.

Ter o público por perto durante a finalização também não causou incômodo, ao menos para a artista plástica Joana Cesar. "Como costumo trabalhar na rua, sou acostumada com a interação das pessoas", disse a autora de uma intrigante colagem.

Para o diretor do Instituto Rua, grupo que idealizou o evento - ambos encabeçados pelo 'novo marchand' André Bretas -, o sentimento era apenas o de superação.

"Concretizamos um marco no Rio. Fizemos com que as pessoas olhassem a arte urbana como arte e não algo marginalizado", declarou Kogut, que ressaltou que a mostra vai muito além de seus quatro dias.

Junto aos grafites realizados no Morro da Providencia, o viés revitalização do festival, a ArtRua traz ao público 22 painéis e muitas outras intervenções, além de duas noites de festas, uma black (hoje) e outra eletrônica (amanhã), e o chamado Palco Jardim, que terá atrações musicais, como o grupo Shibatonics, ao longo de todos os dias.

A instalação "A casa, a carga e o vento", de Felipe Bardy, que também assina a cenografia do evento, e uma exposição sobre a história do Instituto Rua, montada pelo fotógrafo Henrique Madeira nos vagões do armazém, também são destaques desta edição, que ainda terá galeria, palestras, oficinas para crianças e, é claro, lojinhas "pós-museu".

Entre os artistas convidados estão Carlos "ACME" Esquivel, Panmela "Anarkia Boladona", "Bragga", João "Lelo", Wesley "Combone", Márcio "Bunys", Carlos "Bobi", Marcelo "Ment", "Gais Ama", "AKN" (SP), "Binho" (SP), "Minhau (SP)", "Chivitz (SP)" e "Selon" (GO), entre outros.