Autores reivindicam espaço para a literatura indígena nas escolas
Rio de Janeiro, 3 set (EFE).- Vários escritores indígenas e acadêmicos pediram nesta terça-feira mais atenção para a cultura e a literatura dos povos nativos no sistema educacional do Brasil.
Os autores denunciaram, durante um debate na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que uma lei de 2008 que tornou obrigatório o ensino da história e cultura indígenas em colégios públicos e privados de todo o país foi praticamente esquecida.
A escritora e doutora em letras Graça Graúna afirmou que "mesmo com essa lei" encontra "impedimentos" para dar espaço à literatura indígena nas universidades.
"Falta tempo para mostrar que existimos", disse a autora, da etnia potiguar, que expressou "certa decepção" com os programas de formação de professores, que, segundo ela, se baseiam na repetição de conceitos "que não têm nada a ver com a realidade" dos povos indígenas.
Por sua vez, o escritor Daniel Munduruku lamentou que nenhuma universidade do país tenha ainda uma cátedra de cultura indígena, mas ressaltou que nos últimos anos vários pesquisadores começaram a dedicar seus mestrados e doutorados à literatura destes povos, o que "cria uma nova perspectiva de formação de professores".
"Ainda há uma mentalidade retrógada, que o índio só existe como elemento de folclore. Têm que perceber que os índios estão aí ganhando prêmios literários e de cinema. Isso é a realidade, temos que acabar com o romantismo, com a mentalidade do bom selvagem", comentou.
Já a acadêmica Lucia Sá destacou que nas aulas de literatura brasileira, as lições só remontam a 1500, ano do desembarque dos portugueses no Brasil.
A professora salientou que a narrativa oral dos índios é mais antiga e que, além disso, influenciou na dos portugueses, como por exemplo no romance "Macunaíma" (1928), de Mário de Andrade, uma das grandes obras modernistas do país e que "se baseou em histórias extraídas de povos do norte da Amazônia".
"A alta literatura se alimenta todo o tempo de relatos orais", comentou a professora, autora do livro "Literaturas da Floresta".
Munduruku acrescentou que a literatura escrita é "outra forma de expressão" à qual se adaptaram os índios, assim como a outros elementos culturais trazidos pelos conquistadores europeus como "vestir roupas, comer macarrão e beber Coca-Cola".
"Uma cultura não pode sobreviver, quando está em contato com outras, se não for com atualização permanente e constante", comentou Munduruku, vencedor do Prêmio Jabuti.
Os autores denunciaram, durante um debate na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que uma lei de 2008 que tornou obrigatório o ensino da história e cultura indígenas em colégios públicos e privados de todo o país foi praticamente esquecida.
A escritora e doutora em letras Graça Graúna afirmou que "mesmo com essa lei" encontra "impedimentos" para dar espaço à literatura indígena nas universidades.
"Falta tempo para mostrar que existimos", disse a autora, da etnia potiguar, que expressou "certa decepção" com os programas de formação de professores, que, segundo ela, se baseiam na repetição de conceitos "que não têm nada a ver com a realidade" dos povos indígenas.
Por sua vez, o escritor Daniel Munduruku lamentou que nenhuma universidade do país tenha ainda uma cátedra de cultura indígena, mas ressaltou que nos últimos anos vários pesquisadores começaram a dedicar seus mestrados e doutorados à literatura destes povos, o que "cria uma nova perspectiva de formação de professores".
"Ainda há uma mentalidade retrógada, que o índio só existe como elemento de folclore. Têm que perceber que os índios estão aí ganhando prêmios literários e de cinema. Isso é a realidade, temos que acabar com o romantismo, com a mentalidade do bom selvagem", comentou.
Já a acadêmica Lucia Sá destacou que nas aulas de literatura brasileira, as lições só remontam a 1500, ano do desembarque dos portugueses no Brasil.
A professora salientou que a narrativa oral dos índios é mais antiga e que, além disso, influenciou na dos portugueses, como por exemplo no romance "Macunaíma" (1928), de Mário de Andrade, uma das grandes obras modernistas do país e que "se baseou em histórias extraídas de povos do norte da Amazônia".
"A alta literatura se alimenta todo o tempo de relatos orais", comentou a professora, autora do livro "Literaturas da Floresta".
Munduruku acrescentou que a literatura escrita é "outra forma de expressão" à qual se adaptaram os índios, assim como a outros elementos culturais trazidos pelos conquistadores europeus como "vestir roupas, comer macarrão e beber Coca-Cola".
"Uma cultura não pode sobreviver, quando está em contato com outras, se não for com atualização permanente e constante", comentou Munduruku, vencedor do Prêmio Jabuti.
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