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Ben Affleck e o difícil desafio de ser o oitavo Batman

29/08/2013 10h42

Magdalena Tsanis.

Madri, 29 ago (EFE).- Quando Tim Burton escolheu Michael Keaton para encarnar Batman no longa do final da década de 1980, milhares de fãs do herói de DC Comics enviaram cartas à distribuidora Warner para mostrar sua rejeição, e mesmo assim o filme arrecadou mais de US$ 250 milhões apenas nos Estados Unidos.

Claro que ainda não existiam redes sociais, tomadas na última semanda por uma onda de comentários negativos pela escolha de Ben Affleck para ser o oitavo homem-morcego no cinema em "Batman VS Superman", de Zach Snynder, no qual que ficará cara a cara com o Homem de Aço.

Cerca de 71% de tweets contrários e um abaixo-assinado online no site Change.org pedindo que a Warner tire Affleck do projeto repercutiram na rede e na imprensa. Mas não é a primeira vez que um candidato a Batman provoca a fúria dos admiradores do herói.

Keaton, lá em 1989, acabou convencendo, apesar de ter brigado o filme inteiro com o próprio uniforme por sentir claustrofobia. Foi ele que deu ao personagem esse tom mais obscuro que mais tarde seria amplificado pelo Batman de Christian Bale nos filmes dirigidos por Christopher Nolan.

Mas, antes de chegar ao cinema, o personagem criado por Bob Kane e Bill Finger em 1939 teve outra vida na televisão. Lewis Wilson foi, em 1943, o primeiro ator a vestir capa e máscara de morcego para uma série de 15 episódios na qual enfrentava um vilão japonês que transformava pessoas em zumbis.

A iniciativa foi muito bem em audiência, e a Columbia Pictures produziu uma segunda parte "Batman e Robin" com Robert Lowery no papel principal, mas essa não teve tanto retorno.

Quem fez sucesso mesmo na televisão foi Adam West na série que a emissora americana "ABC" exibiu entre 1966 e 1968. O tom cômico da televisão se manteve no longa dirigido por Leslie Martinson em 1966 com praticamente o mesmo elenco.

Nenhuma destas adaptações para a telinha foi levada em conta por Tim Burton nos dois filmes que dirigiu.

"Batman Returns" (1992), continuação que Keaton só aceitou filmar depois de conseguir um bom aumento no cachê arrecadou nada desprezíveis US$ 162 milhões. As críticas, apesar disso, não aceitaram o tom da produção, considerado pessimista demais.

Nem Burton nem Keaton continuaram no projeto e a Warner convidou Joel Schumacher para dirigir a sequência de 1995, desta vez com Val Kilmer. Com boa bilheteria, menos obscura, a parceria não sobreviveu ao mau relacionamento entre protagonista e diretor.

Foi quando Schumacher recrutou George Clooney para seu "Batman & Robin" (1997), decisão que o ator acabaria lamentando.

"Foi fácil interpretar Batman porque agora já está definido que não importa quem está por baixo da máscara, o importante é a máscara", dizia Clooney durante a promoção da fita, alguns anos antes de reconhecer que aceitar o papel foi um erro.

Schumacher justificou o mau desempenho por terem rodado sob uma pressão muito forte. "Muitos segmentos de público queriam que fôssemos mal, as críticas começaram antes mesmo de terminarmos as filmagens".

Após o baque, a Warner demorou oito anos a por o super-herói sem poderes em ação novamente.

O encarregado da ressurreição foi Christopher Nolan que, com Christian Bale como protagonista, assumiu o tom sombrio e a introspecção psicológica que teve sucesso de público e críticas sem precedentes e acabou se tornando uma trilogia.

Esse ótimo histórico da última trilogia é um dos motivos pelos quais Ben Affleck enfrenta essa pressão para o próximo filme, que começa a ser rodado ano que vem com estreia prevista para 2015.

Talvez, entre tantas críticas, o diretor de "Argo" tenha achado algum tweet de apoio, como o que publicou Val Kilmer há poucos dias: "Deem uma chance a Ben".