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Exposição em Nova York radiografa arte americana de 1915 a 1950

Mateo Sancho Cardiel

Da Efe, de Nova York

07/08/2013 17h41

O Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York apresentou nesta quarta-feira (7) uma exposição que percorre a arte americana entre 1915 e 1950 e conta com as assinaturas de Edward Hopper, Charles Burchfield e Georgia O'Keeffe, artistas que ajudaram a criar a identidade artística de uma nação em pleno processo de conquista da hegemonia econômica mundial.

"American Modern: Hopper to O'Keefe" é o título da mostra que, de 17 de agosto de 2013 a 26 de janeiro de 2014, estará no MoMA. A exposição percorre a reação artística de um período marcado por duas Guerras Mundiais e pela Grande Depressão em 120 obras.

"Era o momento de definir algo novo, emocionante e profundamente americano. Uma preocupação muito importante que afetava artistas, curadores e o público", explicou Esther Adler, que junto de Kathy Curry foi encarregada de criar um percurso que passa pela nostalgia rural, a efervescência industrial e os fluxos migratórios que formaram a nova sociedade americana.

A exposição tem cinco artistas como eixo: Edward Hopper, Charles Burchfield, Stuart Davis, Chalres Sheeler e Georgia O'Keeffe. "Cada um tem sua própria resposta a essas questões. Respostas muito diferentes que dialogam entre si", acrescentou Adler.

As dobradiças da modernidade chiando, a ruralidade sucumbindo à explosão urbana, o horizonte industrial dominando a paisagem, a intimidade e a multidão são conceitos que permeiam a reflexão artística da época. E, tal como apontou o diretor adjunto da curadoria do MoMA, Peter Reed, "o conjunto não é especialmente otimista".

Frente ao avanço tecnológico, a solidão do indivíduo assinada por Edward Hopper em gravuras, aquarelas e óleos. "Casa junto à via do trem", de 1925, abre a exposição e foi o primeiro quadro adquirido pelo MoMA, que existe desde novembro de 1929.

Segundo Reed, este fato, assim como a própria exposição, quase toda composta por obras pertencentes ao museu, desmente a eterna acusação (ou ciúme) que o MoMA dá as costas à arte americana e se concentra na europeia.

Georgia O'Keeffe, nascida no campo e que não saiu dos Estados Unidos até a velhice, preferiu filtrar a realidade de seu país na forma de abstratos azuis ou primeiros planos vegetais. Em suas aquarelas a artista reinterpreta o britânico J.M.W. Turner ou diante dos girassois de Van Gogh, retrata florescentes orquídeas.

"Certamente havia consciência do que passava na Europa e havia diálogo, embora buscassem que contribuição poderiam fazer como americanos", explicou Adler.

Obras de artistas como Man Ray, que viveu na Europa, ou de Robert Laurent, escultor americano nascido na França, tecem as pontes entre ambos continentes na mostra.

Nos anos 1920, Charles Burchfield cobria tanto as paisagens rurais como as urbanas com a neve que tudo equipara (como escreveu James Joyce) em obras como "Railroad Gantry" e "Back Alley Scene", enquanto Andrew Wyeth, em "Christina's World", de 1948, mostra uma jovem desvalida no meio do campo entre nostálgica e perturbadora.

Não faltam gêneros clássicos, como as naturezas mortas de Charles Sheeler, embora Stuart Davis as transforme em tabernas contemporâneas com um saleiro.

Ou a arte social, especialmente após a Grande Depressão, com exemplos como a desoladora "American Rural Baroque", de Ralph Steiner, com uma cadeira de balanço desocupada projetando sua sombra fragmentada na sujeira da parede, ou "In the Spring", de Grant Wood.

As fotografias de Alfred Stieglitz, as esculturas de Elie Nadelman ou as aquarelas de Jacob Lawrence completam este passeio artístico que responde à afirmação do historiador da arte Lloyd Goodrich: "um dos traços mais americanos é nossa urgência por definir o que é americano".