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Livrarias britânicas põem à venda mais 140 mil exemplares de livro de J.K. Rowling com pseudônimo

Cynthia de Benito

Londres

28/07/2013 06h54

O aumento das vendas do livro "The Cuckoo's Calling" depois da revelação de que a verdadeira autora da obra é J.K. Rowling levou novos 140 mil exemplares nas livrarias britânicas.

Apesar de ter lamentado a descoberta, a autora da famosa saga "Harry Potter" admitiu que não conseguiria manter o segredo por muito tempo.

"No momento em que fui descoberta, 'Robert' (Robert Galbraith, pseudônimo usado no livro) tinha vendido 8.500 cópias em inglês nas diferentes plataformas e havia recebido duas ofertas de redes de televisão para adaptar a história. A situação estava se complicando", explicou.

Depois do fim de "Harry Potter", a britânica lançou em 2012 o seu primeiro romance adulto, "Morte Súbita", enquanto preparava às escondidas uma nova saga que publicou com um nome falso para evitar a pressão.

O novo livro, suspense policial sobre a vida de um ex-combatente de guerra que virou detetive particular, foi o resultado do experimento assinado pelo escritor fictício Robert Galbraith, que chegou às livrarias britânicas em abril.

Inicialmente, as vendas foram discretas e as críticas, positivas, mas positivas demais para um autor tão novo, segundo o argumento do jornal "The Sunday Times" ao justificar recentemente as suspeitas sobre Galbraith.

A desconfiança foi confirmada e, há uma semana, o jornal publicou que o suposto escritor não existia e que, na realidade, a autora era Rowling, o que gerou um grande aumento das vendas do romance, assim como da decepção da escritora e dos agentes literários que se recusaram publicar a história.

"Foi uma experiência libertadora. Foi maravilhoso publicar sem burburinho ou expectativa, e por puro prazer, para obter uma resposta com um nome diferente", disse Rowling ao explicar as razões de sua decisão de escrever sob pseudônimo.

Dias depois, no entanto, a decepção deu espaço ao incômodo e à incredulidade, quando a autora começou a questionar como a imprensa teve acesso a uma informação que só era compartilhada por um círculo íntimo de amigos e por seu agente literário, o que incentivou uma busca pelo delator.

Ligando os pontos, a escritora descobriu que a curiosidade do "Sunday Times" não era inteiramente autônoma, pois o jornal conseguiu os detalhes do romance através de uma dica a uma de suas colunistas, India Knight, no Twitter.

Segundo a imprensa britânica, a jornalista recebeu no dia 9 de julho uma mensagem pública da usuária Jude Callegari, que garantia que as aventuras do detetive eram fruto da mesma mente que criou o órfão Harry Potter há 16 anos.

Parecia um boato, pois Callegari, que eliminou seu perfil da rede social, não conhecia Rowling pessoalmente, como a escritora reconheceu em comunicado quando descobriu a responsável pelo vazamento.

"Só um reduzido grupo de pessoas conhecia meu pseudônimo e não foi agradável ficar me perguntando durante dias como uma mulher que eu nunca tinha ouvido falar podia saber de algo que muitos dos meus amigos mais íntimos não sabiam", afirmou.

A explicação final não deixou de ser confusa: Chris Gossage, um dos sócios da Russells, empresa britânica da indústria do entretenimento, teria revelado a autoria real de "The Cukoo's calling" à Callegari, então melhor amiga de sua mulher.

Enquanto Rowling encontrava o delator, as livrarias de todo o país ardiam e o grupo editorial Little Brown, que publicou o romance, enlouquecia para imprimir mais cópias e dar resposta à inusitada demanda dos livros.

"Começamos a imprimir na segunda-feira à tarde (um dia depois do vazamento na imprensa, no dia 14 de julho) sem nenhum aviso e sem material, não era algo previsto. Já fizemos reimpressões antes por causa de prêmios à escritores, mas para isso não havia nem sequer um plano de atuação", afirmou um responsável da gráfica Clays.

Falta saber se a escritora britânica assinará os próximos exemplares de "The Cuckoo's Calling", que terá continuação, com sua assinatura original ou com a desenhada para Robert Galbraith, embora Rowling ainda não tenha explicado como pensava comparecer aos eventos de autógrafos escondendo a sua identidade.