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"Rolling Stone" defende polêmica capa com acusado dos atentados de Boston

Capa com o jovem Dzhokhar Tsarnaev, acusado dos atentados da maratona de Boston, em abril, nos Estados Unidos, gerou uma série de críticas - Wenner Media/AFP
Capa com o jovem Dzhokhar Tsarnaev, acusado dos atentados da maratona de Boston, em abril, nos Estados Unidos, gerou uma série de críticas Imagem: Wenner Media/AFP

18/07/2013 10h02

A edição americana da revista "Rolling Stone" defendeu na quarta-feira (17) a polêmica capa de sua última edição, dedicada a um dos acusados dos atentados de Boston, Dzhokhar Tsarnaev, após a chuva de críticas na internet e o anúncio do cancelamento de sua venda em vários estabelecimentos.

Frequentemente reservada para estrelas da música e celebridades, desta vez a capa da revista mostra o jovem Tsarnaev, de 19 anos, com uma foto tirada de uma de suas contas nas redes sociais e na qual aparece com o cabelo desgrenhado e olhando fixamente para a câmera.

A foto é acompanhada por um artigo no qual a revista analisa, a partir de entrevistas com amigos, professores e vizinhos de Tsarnaev, "como um popular e promissor estudante (...) se transformou em um monstro".

"Nossos corações estão com as vítimas dos atentados da maratona de Boston", que deixou no último dia 15 de abril três mortos e mais de 280 feridos, informou a publicação em comunicado.

O artigo sobre Tsarnaev "se inscreve na tradição de jornalismo e o compromisso de longa data de 'Rolling Stone' com a cobertura séria e reflexiva das questões políticas e culturais mais importantes de nosso tempo", justificou a revista.

O fato de que Tsarnaev "é um jovem, e da mesma faixa de idade que muitos de nossos leitores, faz com que seja ainda mais importante para nós examinar a complexidade deste problema e obter uma compreensão mais completa de como ocorre uma tragédia como esta", acrescentou.

A página no Facebook da "Rolling Stone" se encheu de comentários sobre a capa, a maioria negativos e críticos com o que consideram uma glorificação por parte da revista de Dzhokhar, que supostamente colocou junto com seu irmão, Tamerlan, as bombas que explodiram na maratona de Boston.

"Jeff Bauman, que perdeu as pernas (nesses atentados), deveria estar na capa", diz um dos comentários postados no Facebook.

Outro opina que é "doentio que ninguém se importe com a morte de pessoas, pessoas reais com vidas e famílias" nesses atentados e que os editores da revista "só se preocupem em vender".

Grandes cadeias de lojas como CVS e Walgreens anunciaram que não venderão em seus estabelecimentos exemplares desta nova edição da "Rolling Stone" em rejeição à capa.

Por sua parte, o prefeito de Boston, Thomas Menino, pediu em carta à revista que publique histórias dos "valentes" sobreviventes dos atentados e dos médicos, enfermeiras, amigos e voluntários que lhes ajudaram.

O artigo sobre Tsarnaev, elaborado por Janet Reitman, revela que o jovem estava cada vez mais isolado nos meses prévios aos atentados e que uma vez sugeriu a um amigo de escola que acreditava que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 podiam ser defendidos.

Dzhokhar Tsarnaev se declarou, no último dia 10 de julho, inocente de 30 acusações que poderiam condená-lo à morte.

O jovem permanece hospitalizado em uma prisão do estado de Massachusetts, onde se recupera dos ferimentos que sofreu durante uma espetacular fuga junto com seu irmão após os atentados, e deve comparecer de novo perante um juiz em setembro, antes que comece o julgamento.