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A última ameaça contra Pompéia

10/07/2013 10h17

Cristina Cabrejas.

Roma, 10 jul (EFE).- Sobre a área arqueológica de Pompéia, a cidade sepultada pelas cinzas do vulcão Vesúvio no ano 79 d.C., chega uma nova ameaça, o ultimato da Unesco de retirar sua condição de Patrimônio Histórico da Humanidade se não for iniciado um projeto de restauração e conservação.

Pompéia é, depois do Coliseu, uma das atrações turísticas mais populares da Itália e, devido ao seu estado de abandono, o organismo das Nações Unidas fez sua ameaça.

"O governo italiano tem até 31 de dezembro de 2013 para adotar medidas idôneas para Pompéia e a Unesco até 1º de fevereiro de 2014 para avaliar as medidas do Executivo italiano e tomar sua decisão na reunião do Comitê Mundial", advertiu o presidente da Comissão Italiana da Unesco, Giovanni Puglisi.

A ameaça é a de relegar Pompéia à lista do Patrimônio Mundial em Perigo, o que não seria uma má opção, já que gozaria de um maior cuidado, mas seria uma derrota e um golpe no orgulho de um país com enorme bagagem arqueológica e cultural.

O relatório da Unesco faz um panorama desolador ao falar de infiltrações de água; afrescos e mosaicos em perigo, expostos à luz, pouca vigilância e vegetação que invade as colunas e os átrios.

"O que a lava não destruiu, agora o fazem os políticos" é uma das tantas frases que apareceram nestes dias na imprensa italiana e que resume o estado no qual se encontram os 40 mil metros quadrados de Pompéia que a Unesco tem catalogados como patrimônio da humanidade desde 1997.

O abandono no qual se encontrava a área ficou ainda mais evidente quando, devido às fortes chuvas que castigaram a região em 2010, a Domus dos Gladiadores ruiu e a ela se seguiram outros desabamentos.

Em 2012, o governo do tecnocrata Mario Monti aprovou o programa de restauração chamado "Grande Projeto de Pompéia" que conta com orçamento de 105 milhões de euros, dos quais 41,8 milhões virão do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional da União Europeia (FEDER).

As primeiras obras de restauração começaram no dia 2 de fevereiro, mas na última inspeção da Unesco não foram vistos os resultados esperados, pois só foram iniciadas duas intervenções.

Um dos guias que a cada dia conduz milhares de turistas que visitam a área, Santiago Faraone, explicou ao jornal "Corriere della Sera" que atualmente só podem ser visitadas três "Domus", a Casa Menandro, a Casa degli Amorini e a Casa do Fauno, das 73 que estão preservadas em Pompéia.

"Imagina o que acontece quando há dias em que 13 mil pessoas visitam Pompéia? Todos querem ver o interior das casas. Tocar em seus afrescos. Caminhar sobre seus mosaicos. E não podemos controlá-los. Se continuar assim, dentro de alguns anos não vai restar mais nada", disse Faraone.

Após a advertência da Unesco, o novo ministro da Cultura, Massimo Bray, assegurou que o atual governo de Enrico Letta vai tomar "medidas concretas" e entre elas está a urgente necessidade de maior pessoal.

Poucos dias após ser nomeado ministro, Bray fez uma visita surpresa na cidade arqueológica e pôde constatar com seus próprios olhos o fechamento das "Domus", a carência de pessoal qualificado e, sobretudo, a falta de vigilância.

"Os recursos para as emergências em Pompéia foram reduzidos em 58% nos últimos cinco anos", declarou Bray, que garantiu o início de 39 obras de restauração antes de 2015.

O problema é a falta de recursos, pois o Ministério da Cultura conta com 90 milhões de euros para este ano para cuidar de seu gigantesco patrimônio universal, "enquanto ainda faltam 500 milhões de euros", explicou Bray.

Por isso o titular de Cultura estendeu suas mãos, assim como fez nos casos do Coliseu e da Fontana de Trevi, aos fundos privados e explicou que se reunirá com o construtor Pietro Salini, que prometeu 20 milhões de euros.