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Feira SP-Arte aponta América Latina como novo mercado para arte europeia

Waldheim García Montoya

07/04/2013 06h34

O setor de arte europeu viu na América Latina um caminho para reagir à crise econômica, o que ficou muito claro durante a feira SP-Arte, a maior do gênero em todo o Hemisfério Sul, segundo seus organizadores.

"O momento que estamos vivendo agora é especial, mas também a arte viveu outros momentos difíceis em outras épocas", disse à Agência Efe o proprietário da galeria "Parra y Romero" de Madri, Guillermo Romero, que participa pela primeira vez da feira.

No total, 27 galerias europeias estão presentes no evento, que é realizado a cada dois anos no parque Ibirapuera e do qual também participam 14 galerias de outros países, além de 81 brasileiras.

Romero destacou que "uma das virtudes que a arte pode ter é a de ser um elemento necessário para entender a cultura, o momento de cada país e cada situação". Dessa forma, as galerias "exportam" artistas europeus que explicam em suas obras o contexto atual, afirmou ele.

A galeria "Parra y Romero" trouxe ao Brasil as obras da espanhola Lara Almarcegui e do suíço Philippe Decrauzat, por exemplo, apesar de trabalhos de artistas mais famosos serem as principais atrações da feira Arte-SP.

Obras do cubista espanhol Pablo Picasso como "Tête d'Homme" e Nu Couché", além de criações do belga René Magritte e do empresário, cineasta e pintor americano Andy Warhol - conhecido como um dos principais representantes do movimento "pop art"- foram trazidas de Nova York para a feira.


Além dessas, estão expostas obras do construtivista alemão Josef Albers (1888-1976), representado por sua célebre série "Homenagem ao quadrado", e do americano Jeff Koons, o "rei da paródia", cujas obras vendidas pela casa nova-iorquina "Gagosian" podem chegar a US$ 6 milhões.

Na edição de 2012, a SP-Arte recebeu cerca de 20 mil visitantes e, em 2013, as galerias participantes esperam fechar vários contratos de venda durante os cinco dias de evento.

"As feiras têm sua parte comercial, além das relações que possam ter com instituições ou outras galerias, e a intenção de vender é óbvia", garantiu Romero, dono da galeria madrilenha.

A chegada de novos artistas ao mercado brasileiro de arte, como no caso dos espanhóis, "cria uma comunidade artística interessante que só é possível por conta desta internacionalização", ressaltou.

"A arte contemporânea está cada vez mais próxima do povo, e a América Latina é um mercado muito atrativo. No caso do Brasil, a história cultural do país sempre nos interessou muito, pois a relação que tem com a Espanha é muito forte", afirmou.

A Espanha lidera a lista de participantes estrangeiros com sete galerias - de Madri, Bilbao e Barcelona -, enquanto outros países da América Latina estão representados por duas galerias uruguaias, duas colombianas, uma costarriquenha, uma cubana e uma chilena.

Estados Unidos (com cinco galerias), Reino Unido (seis), Alemanha (seis), França (duas) e Itália (três) concentram a maior parte do mercado mundial de arte, e também estão presentes na feira que também é conhecida como a "Galeria das galerias" e que surgiu em 2005 por iniciativa da atual curadora, Fernanda Feitosa.

"O interesse dos brasileiros por este mercado vem se intensificando cada vez mais ao longo das edições da SP-Arte e, paralelamente, houve um reconhecimento dos artistas brasileiros no mundo todo", afirmou a curadora durante a abertura do evento.

"Ter estas obras em São Paulo é uma oportunidade única para quem não consegue visitar galerias e museus internacionais e que obviamente não tem condições de comprar uma destas joias da arte", disse a visitante Patricia Alsemary.