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Literatura brasileira começa em Leipzig caminhada rumo à Feira de Frankfurt

Um grupo de pessoas caminha sobre um letreiro com os dizeres "Cuidado, livro", em alemão, durante a abertura da Feira do Livro de Leipzig, na cidade alemã, nesta quinta (14) - Jan Woitas/EFE
Um grupo de pessoas caminha sobre um letreiro com os dizeres "Cuidado, livro", em alemão, durante a abertura da Feira do Livro de Leipzig, na cidade alemã, nesta quinta (14) Imagem: Jan Woitas/EFE

De Leipzig (Alemanha)

14/03/2013 11h14Atualizada em 14/03/2013 16h15

A literatura brasileira começou nesta quinta-feira (14), em Lepizig (leste da Alemanha), um percurso que será percorrido até a Feira do Livro de Frankfurt, em outubro, onde o país sul-americano é o convidado de honra.

O diretor da Feira de Frankfurt, Jürgen Boos, disse nesta quinta, na Feira de Livro de Leipzig, que um dos elementos mais atrativos dos planos do Brasil é que foge de todos os estereótipos.

"O Brasil será um convidado de honra fora de todos os estereótipos. Não será difícil que alguém nos ofereça uma caipirinha", brincou Boos.

"Teremos autores brasileiros todos os anos na Alemanha, que representarão a voz de um Brasil apaixonante e complexo", acrescentou o diretor.

O começo da caminhada será na Feira de Leipzig, onde nesta semana estão presentes nove autores dos 60 que o irã a Frankfurt e outras cidades alemãs ao longo do ano.

"Estar em Leipzig representa o começo de uma caminhada que se transformará em uma maior presença do Brasil no mundo através da literatura", disse o diretor do programa brasileiro, Galeno Amorim, em uma apresentação na Feira de Leipzig.

As palavras que mais foram mencionadas na entrevista coletiva são "pluralidade" e "diversidade" como elementos chave de um programa que tem como lema a definição do Brasil como "um país cheio de vozes".

"Teremos autores de todas as regiões do Brasil. Alcançamos certo equilibro quanto à presença de homens e mulheres. Teremos brancos, negros e indígenas. Autores que nasceram no Brasil e vivem fora e autores que nasceram fora do Brasil e se tornaram brasileiros", disse Amorim.

Tudo isso, segundo Amorim, procurará formar um mosaico que englobe a totalidade da literatura brasileira.

"A literatura brasileira sempre teve algo de antropofagia, pois devora as culturas externas", disse o comissário do pavilhão brasileiro em Frankfurt, Manuel da Pinto, fazendo referência indiretamente ao "movimento antropófago" de Mário e Osvald de Andrade, que marcou a literatura brasileira na primeira metade do século XX.

Os autores presentes em Leipzig são Carola Saavedra, Age de Carvalho, Luiz S. Krauz, João Almino, Rafael Cardoso, Tatiana Salem Levy, Ronaldo Wrobel, Ronaldo Correia de Brito e Ricardo Domeneck, que já representam várias das muitas caras que o Brasil que mostrar ao longo do ano.

Carola Saavedra, por exemplo, é nascida no Chile e vive atualmente no Rio de Janeiro após ter residido na Espanha, França e Alemanha, enquanto Age de Carvalho nasceu no Amazonas e vive na Áustria, e Tatiana Salem Levy nasceu em Lisboa, em uma família de emigrantes brasileiros com raízes judias sefarditas.

Assim, a presença judia no Brasil se mistura, no mundo dos autores presentes, com retratos de cidades como o Rio de Janeiro, na obra de Rafael Cardoso, ou Brasília, que está no centro do ciclo de romances de João Alminol, iniciado com "Ideias para onde passar o fim do mundo" (1987).

Além disso, o programa não se reduz à prosa, mas também dá espaço a líricos como Ricardo Domeneck e Age de Carvalho.

"O Brasil está em processo permanente de recriação cultural", disse Amorin, que espera que o programa, com sua variedade, reflita esse processo com suas contradições.

Ao lado das apresentações estritamente literárias, o programa brasileiro incluirá diversos atos culturais em várias cidades da Alemanha que durante os dias da Feira em outubro, se concentrarão em Frankfurt.