Topo

Pai de Asterix reina em Angulema, capital das histórias em quadrinhos

O pai de Asteriz, Albert Uderzo, fala com a Ministra da Cultura da França, Aurélie Filippetti, durante o abertura da 40ª edição do Festival Internacional de Histórias em Quadrinhos de Angoulême, no Oeste da França - AFP
O pai de Asteriz, Albert Uderzo, fala com a Ministra da Cultura da França, Aurélie Filippetti, durante o abertura da 40ª edição do Festival Internacional de Histórias em Quadrinhos de Angoulême, no Oeste da França Imagem: AFP

Javier Albisu

02/02/2013 06h24

Paris, 2 fev - O desenhista Albert Uderzo, criador junto com o falecido roteirista René Goscinny das histórias de Asterix, é a grande estrela da 40ª edição do Festival Internacional de Histórias em Quadrinhos de Angulema.

Essa cidade do oeste da França que até domingo (3) será o epicentro mundial das histórias em quadrinhos dedica ao criador de um dos personagens mais celebrados da nona arte a retrospectiva "Uderzo in Extenso".

  • AFP

    Público observa os quadrinhos de Asteriz durante a 40ª edição do Festival Internacional de Histórias em Quadrinhos de Angulema, no Oeste da França


Aposentado dos lápis, Uderzo decidiu há dois anos ser mais um simples fã de seu incansável herói francês. A partir de agora, será Didier Conrad que se ocupará dos desenhos, Thierry Mébarki das cores e Jean-Yves Ferri dos roteiros das novas aventuras que devem ser lançadas em um álbum ainda em 2013.

"Não sinto nostalgia. Claro que sempre lamento não ser mais jovem, mas, no essencial, gostei de ter vivido o que vivi", relatou o artista, de 85 anos, à revista "Les Inrockuptibles" por ocasião da mostra que lhe consagra em Angulema, festival que já o havia reconhecido com seu prêmio honorífico em 1999.

O festival, que em sua última edição recebeu mais de 200 mil visitantes, dedica também um espaço à mostra "Mickey & Donald, tudo uma arte", consagrada a esses dois célebres personagens de Walt Disney.

Além disso, o festival homenageia também nesta edição os 60 anos de carreira do convidado especial Leiji Matsumoto, nos quais iluminou títulos como "Capitaine Albator" e "Galaxy Express 999".

Outro dos convidados de gala será Jean-C Denis, autor de "A Fuite en Avant", "Quelques mois à l'Amélie" e "Zone Blanche", a quem Angulema homenageia através de 150 obras originais, e que será também presidente do júri que escolherá os vencedores dos sete prêmios que serão distribuídos este ano.

Entre os 32 títulos da seção oficial concorre o argentino Lucas Varela com seu "Paolo Pinocchio", baseado em uma versão amoral e sem escrúpulos do boneco mentiroso e os franceses Julie Birmant e Clément Oubrerie com "Pablo, T2. Apollinaire", segunda parte de uma biografia em história em quadrinhos do pintor Pablo Picasso.

Também entram em competição "Moi, René Tardi, prisionier du Stalag II", na qual Jacques Tardi relata o cativeiro de seu pai na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial; "I am a hero", do japonês Kengo Hanazawa; "Ovnis à Lahti", do finlandês Marko Turunen; e "Lorna: Heaven is here", do francês Brüno.

Dessa seção sairá o sucessor de Guy Delisle, cujo álbum "Chroniques de Jérusalem" levou o prêmio mais prezado do festival, que este ano estreia um aplicativo gratuito para iPhone e programou conferências com autores como Zep, Alexis Dormal e Charles Berberian, Chester Brown, Anders Nielsen, Adam Hines, Matt Madden, Jason Shiga e Brecht Evens.

A reunião europeia anual da história em quadrinhos servirá também para incluir em sua seção de "patrimônio" um álbum, honra à qual concorrem aspiram "The Bus", de Paul Kirchner, "Batman, Ano Um", de David Mazzucchelli e Frank Miller, "Mimodrames", de Henry Mayo Bateman; e "Antologie Creepy. Vol. 1", de Doug Headline, entre outros.

Angulema será também o palco da despedida do gênio dos quadrinhos Moebius, pseudônimo de Jean Giraud, cujos lápis iluminaram obras de referência como "L'Incal" e "Tenente Blueberry".

O nome de Moebius, que morreu no ano passado aos 74 anos, está desde agora inscrito em um dos edifícios da cidade da história em quadrinhos de Angulema, evento que o reconheceu como melhor artista da nona arte de 1981.