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Paulo Coelho lança novo livro na Espanha e defende uso de redes sociais na literatura

O escritor Paulo Coelho fotografa jornalistas com seu iPhone durante lançamento de "El Manuscrito Encontrado en Accra", na Espanha (21/11/12) - J.J. Guillén/EFE
O escritor Paulo Coelho fotografa jornalistas com seu iPhone durante lançamento de "El Manuscrito Encontrado en Accra", na Espanha (21/11/12) Imagem: J.J. Guillén/EFE

Carmen Sigüenza

Madri

21/11/2012 14h35

Após três anos sem aparecer publicamente e depois de se recuperar de uma operação no coração, o escritor Paulo Coelho lançou em Madri nesta quarta (21) seu mais recente livro, "O Manuscrito Encontrado em Accra", em um evento em que fez uma intensa defesa da internet e da redes sociais.

"Para mim, escrever significa o contato humano. Nunca compreendi isso do escritor isolado em sua torre de marfim. A internet é uma revolução, e as redes sociais, Twitter, Facebook, meu blog e os posts, mudaram tudo. Criou outro renascimento", analisou o autor de "O Alquimista", diante de uma sala repleta de jornalistas.

Antes de começar a entrevista coletiva, Coelho – que tem 17 milhões de seguidores nas redes sociais e vendeu cerca de 150 milhões de livros em 168 países e em 73 idiomas – publicou uma mensagem no Twitter comunicando que estava apresentando seu livro.

"A tendência do escritor hoje em dia é basicamente escrever nas plataformas para compartilhar seu trabalho. O sonho do escritor é ser lido, não fazer um jardim para seu livro, mas captar outras sensações humanas, compartilhar e que haja uma compressão mútua", argumentou.

O autor de 64 anos disse ainda acreditar que, neste momento de revolução tecnológica, existe uma crise de valores.

Essas foram as questões que o autor abordou em "O Manuscrito Encontrado em Accra", que será lançado pela Editora Sextante no Brasil e na América Latina nesta quinta-feira (22), exceto na Colômbia, onde sairá em 6 dezembro, assim como nos Estados Unidos.

Na obra, Coelho narra a história do manuscrito de Accra, escrito em árabe, hebraico e latim, que conta o relato sobre os conselhos que um sábio grego deu à população de Jerusalém na véspera da invasão dos cruzados.

Assim, em uma clara homenagem à obra "O Profeta", de Khalil Gibran, como afirmou o próprio autor, "O Manuscrito Encontrado em Accra" é uma parábola sobre a falta de valores na sociedade atual. "Valores que são os mesmos hoje que há mil ou 5 mil anos", um livro sobre a eterna pergunta: "Quem sou eu?".

Um livro sem resposta, mas com muitas perguntas, "porque eu não tenho respostas, só perguntas", acrescenta, vestido de preto como de costume.

A obra é escrita de forma metafórica dirigida a todos aqueles que se deixam surpreender, que têm curiosidade e que não esquecem a criança que todos carregam em si, disse Coelho. "A criança é o que fala com a voz mais pura, que enfrenta os desafios do mundo sem preconceitos", acrescentou.

O autor sempre comentou que não gosta de ser chamado de "guru" ou "visionário", mas o certo é que a maioria dos livros de Coelho, de forma explícita ou implícita, convocam à espiritualidade e, em sua entrevista coletiva, também fez um apelo a recuperar o básico, o essencial.

Quando perguntaram ao escritor sobre a felicidade, este contestou que não acreditava nela. "É uma invenção do século XVIII. Agora temos o consumo, que pode fazer muita gente parecer feliz", disse. "Não me interessa a felicidade, prefiro a alegria. A felicidade é para o tempo e o espaço, nada mais".

Contente, o autor de "O Diário de um Mago" destacou que adora os desafios e que este livro era um. "Estou muito contente com o livro e tenho tanta esperança como com o primeiro", concluiu.