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China condena escritor Li Bifeng a 12 anos de prisão

Da EFE

20/11/2012 07h24

Um tribunal chinês condenou o escritor Li Bifeng a 12 anos de prisão por fraude. Pessoas próximas consideram que a sentença foi motivada por suspeitas das autoridades de que Bifeng teria ajudado na fuga do poeta e dissidente Liao Yiwu à Alemanha em 2011, informou nesta terça-feira (20) o diário "South China Morning Post".

O escritor e empresário recebeu a sentença nesta segunda-feira (20) de uma corte em Sichuan, que o acusa de estourar o prazo para pagar a última parcela no valor de US$ 3,2 milhões relativa à compra de 63 propriedades em seu nome.

Além da prisão, o tribunal impôs uma multa de US$ 48 mil, de acordo com o advogado, Ma Xiaopeng, conhecido por defender acusas relacionadas a direitos humanos. O defensor diz ainda que o escritor não pagou o valor devido devido a uma lei urbanística recente destinada a frear a especulação imobiliária e também que, por isso, não chegou a se tornar proprietário dos imóveis.

Os familiares e amigos de Bifeng também negam as acusações e suspeitam que a pena esteja relacionada a informações que o apontam como tendo ajudado Liao a fugir do país, cerca de um ano atrás. A família desmente a colaboração.

Considerado como o poeta do massacre da praça Tianamen por ter previsto a catástrofe em um poema escrito um dia antes, Liao Yiwu está exilado na Alemanha desde julho de 2011.

O autor, que recentemente acusou o prêmio Nobel chinês Mo Yan de colaborador do regime comunista, conseguiu abandonar a China depois de fazer uma falsa promessa às autoridades de que não publicaria nenhuma obra fora do país.

Liao também nega, em comunicado, que tenha recebido ajuda de Bifeng. "A polícia suspeita de que Li Bifeng tenha financiado minha fuga. É uma mentira absoulta. Ninguém sabia das minhas razões ou motivos para minha fuga para a liberdade, nem sequer minha família", escreveu. "

Bifeng, que foi detido em setembro de 2011, logo após a partida de Liao, já esteve na cadeia por duas vezes. Na primeira, em 1990, foi condenado a cinco anos por "crimes revolucionários" no massacre de Tiananmen. Na segunda, em 1998, ficou preso por sete anos por crimes financeiros.