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Agência portuguesa interrompe distribuição de notícias devido à greve

18/10/2012 18h07

Lisboa, 18 out (EFE).- A agência oficial de notícias de Portugal, "Lusa", interrompeu todos os seus serviços noticiários nesta quinta-feira por conta de uma greve de quatro dias, em protesto pelo corte de 30% dos fundos estatais que recebe.

Susana Venceslau, delegada sindical da "Lusa", disse à Agência Efe que a adesão ao protesto é de praticamente 100% e só oito pessoas foram à empresa trabalhar nesta manhã. Os porta-vozes da direção afirmaram que a agência decidiu não fazer comentários, por enquanto, sobre o protesto.

A agência, cujos acionistas principais são o Estado português (com 50,14% do capital) e várias empresas jornalísticas do país, terá cortes de cerca de um terço nos pagamentos de seus serviços nos orçamentos nacionais de 2013, de 19,1 para 13,2 milhões de euros.

Os diretores da "Lusa" anunciaram que deverão reduzir os custos da empresa, e Susana afirmou que foi aberto nesta semana um programa de demissão voluntária que vai pagar aos trabalhadores uma indenização de 1,25 salários por ano, vigente no contrato coletivo.

Grupos de trabalhadores da "Lusa" se concentraram hoje nas portas da sede do Conselho de Ministros em sinal de protesto, que se reuniu hoje em Lisboa. Também ocorreram manifestações em frente às sedes da agência na capital e no Porto, e de seus antigos escritórios em Coimbra.

Susana informou que também explicaram a situação da agência em reuniões com os partidos políticos portugueses e que planejam realizar outras ações públicas.

Os serviços de notícias e conteúdos audiovisuais que a "Lusa" fornece à imprensa portuguesa assim como em seu site foram interrompidos às 8h da manhã (hora local).

Apenas uma nota aos clientes informa que o envio de informações foi interrompido por conta da greve dos trabalhadores e está previsto que a paralisação continue até a meia-noite do próximo domingo.

Os cortes de gastos adotados em Portugal, desde que pediu o resgate financeiro em abril do ano passado, assim como as consequências de sua grave crise econômica para os meios de comunicação, já tinham levado à "Lusa" a reduzir suas despesas de operação no ano passado.

A "Lusa" foi fundada em 1986 para substituir às duas agências existentes no país, a privada "NP" (Notícias de Portugal) e a estatal "Anop", criada após a Revolução dos Cravos de 1974.