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Brasil celebra a monumental obra de Jorge Amado em seu centenário

O escritor Jorge Amado no Rio de Janeiro (1984) - Lewy Moraes/Folhapress
O escritor Jorge Amado no Rio de Janeiro (1984) Imagem: Lewy Moraes/Folhapress

Carlos A. Moreno

09/08/2012 06h05

As comemorações pelo centenário de Jorge Amado chegam ao seu ponto máximo nesta sexta-feira (10), dia em que o mais internacional dos escritores brasileiros completaria 100 anos, efeméride que pôs em destaque a monumental obra do filho predileto da Bahia.

Várias homenagens foram realizadas durante o "Ano de Jorge Amado", que começou em 2011, quando foram completados dez anos da morte do autor, nascido em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, e falecido em 6 de agosto de 2001, em Salvador.

"Escrever é transmitir vida, emoção, o que conheço e o que sei, minha experiência e minha forma de ver a vida", disse uma vez o escritor, que elevou à categoria de lendas as histórias das plantações de cacau da Bahia, onde nasceu e produziu sua obra.

Para celebrá-lo, a escola de samba Imperatriz Leopoldinense apresentou um desfile sobre sua vida no último carnaval carioca, e sua neta Cecília Amado levou ao cinema a obra "Capitães da Areia", que foi lançada em outubro e se apresentou em abril no Festival de Cinema Latino de Chicago (EUA).

Também foram reimpressas diferentes edições de seus romances mais famosos e houve o lançamento de livros inéditos em sua homenagem, como o que apresenta as cartas entre Jorge Amado e a também falecida escritora Zélia Gattai, sua esposa durante 56 anos. Além disso, a "Rede Globo" transmite atualmente a nova versão de "Gabriela", minissérie baseada no livro "Gabriela, Cravo e Canela", publicado de 1958.

Diferentes artistas se somaram à festa com novas músicas e montagens de peças inspiradas no fantástico mundo criado pelo autor de obras como "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1966) e "O País do Carnaval" (1931), seu primeiro romance.

No centenário do nascimento do mais internacional dos escritores brasileiros, autor de 33 romances traduzidos para 49 idiomas, foi lembrada também sua faceta como militante comunista, deputado constituinte e até obá de Xangô, título honorifico do candomblé.

As iniciativas para homenagear o autor foram tantas que para organizá-las foi constituída uma comissão especial integrada por seus familiares e por representantes da Fundação Casa de Jorge Amado, da Academia Brasileira das Letras (ABL), da qual foi membro durante 40 anos, e da editora Companhia das Letras, dona dos direitos de seus livros.

A ABL e a fundação que leva seu nome celebrarão ao longo da próxima semana, em Salvador, o "Curso Jorge Amado 2012", um colóquio do qual participarão estudiosos de sua obra para apresentar suas pesquisas e teses sobre o escritor.

Acontecerá em Salvador nesta sexta-feira a apresentação do "Concerto ao Amado Amar", um espetáculo que mistura música popular e erudita e inclui composições do próprio Jorge Amado, músicas em sua homenagem e temas de telenovelas e filmes baseados em suas obras.

A Fundação Casa de Jorge Amado também lançará nesta sexta-feira o livro "Jorge Amado e a Sétima Arte", que reúne relatos de cineastas e atores que levaram suas histórias à telona.

No entanto, as principais celebrações foram realizadas em Ilhéus, cidade do sul da Bahia onde transcorrem as picantes histórias de "Gabriela, Cravo e Canela" e de outros romances seus, e que conserva construções coloniais eternizadas em seus relatos, como o antigo bordel Bataclan e o Bar Vesúvio.

Para preservar o legado do romancista que imortalizou a cultura do cacau, os personagens e a idiossincrasia de Ilhéus, as autoridades municipais promoveram o projeto "Amar Amado", que inclui seminários, shows de música, teatro e dança.

Ilhéus também foi cenário de concertos de músicos como Caetano Veloso, Moraes Moreira, Margareth Menezes e Família Caymmi, todos com interpretações relacionadas ao romancista.

Os 100 anos do nascimento do autor coincidem com a Bienal do Livro de São Paulo, que lembrará a data com leituras de textos do escritor, conferências sobre sua obra e uma apresentação da culinária baiana, sempre presente na prolífica literatura de Jorge Amado, um amante da boa mesa.