Topo

Portugal lembra Revolução dos Cravos em meio a ausências e protestos

25/04/2012 15h52

Lisboa, 25 abr (EFE).- A Revolução dos Cravos, que marcou o início da democracia portuguesa em 25 de abril de 1974, foi lembrada no país nesta quarta-feira em atos oficiais marcados por ausências e protestos nas ruas contra os ajustes do Governo.

O chefe do Estado português, Aníbal Cavaco Silva, presidiu a cerimônia realizada no Parlamento e pediu para os portugueses reconquistarem a imagem do país no estrangeiro. "Nesta data, meu discurso tem um objetivo preciso e uma razão prática: estimular os portugueses a corrigir a falta de informação ou até a desinformação que existe no estrangeiro sobre o nosso país", assinalou.

Além disso, Silva defendeu que a paz e a coesão social são decisivas para a recuperação de Portugal, que atravessa a pior crise econômica desde o começo da democracia. No entanto, a mensagem do presidente foi ofuscada pelas poltronas vazias no Parlamento, inclusive dos militares que protagonizaram a Revolução há 38 anos.

Pela primeira vez, a "Associação 25 de Abril", criada para defender a memória da data histórica e propagar a democracia faltou às homenagens oficiais. A organização justificou a ausência com os cortes realizados pelo Executivo português, que, de acordo com eles, vão de encontro aos ideais defendidos na revolução que terminou com o regime ditatorial de António Salazar.

Históricos líderes socialistas, como o ex-primeiro-ministro e ex-chefe de Estado, Mário Soares, e o último candidato as eleições presidenciais, Manuel Alegre, também não participaram dos atos do Governo em rejeição ao programa de ajustes.

Enquanto isso, sob um céu nublado e com chuva intermitente, milhares de pessoas percorreram a principal avenida da capital portuguesa com cravos vermelhos na mão e gritando palavras de ordem como "O povo unido jamais será vencido".

O presidente da "Associação 25 de Abril", o coronel Basco Lourenco, liderou a manifestação junto a um caminhão de combate, emblema da revolução, e criticou o Governo durante seu discurso final. "O poder não é do eleito, mas do que elege, e por isso o eleito não pode se vender ao poder econômico e financeiro", disse. A seu lado, estavam dirigentes políticos e líderes sindicais como o secretário-geral da Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), Armênio Carlos.

O socialista Alegre, por sua vez, disse aos jornalistas que preferiu sair à rua porque o estado do bem-estar conquistado em 1974 "está em interdição". Já o dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louca, rejeitou o discurso do presidente português por esquecer "os sacrifícios" do povo português nesta crise.