Escritor argentino ironiza declaração de ex-ditador sobre 8 mil mortes
Marta Berard
Brasília, 16 abr (EFE).- O poeta argentino Juan Gelman disse nesta segunda-feira, com ironia, que o reconhecimento pelo ex-ditador Jorge Videla da morte de 7 ou 8 mil pessoas durante o período em que governou a Argentina no regime militar, de 1976 a 1983, é um sinal de "modéstia" do político.
"Acabo de descobrir uma virtude até então desconhecida do ex-general Videla: a modéstia, porque não foram 8 mil, mas 30 mil mortes", afirmou Gelman em entrevista à Agência Efe. Para o escritor argentino, que participa nesta semana da primeira edição da Bienal do Livro e Leitura de Brasília, as palavras de Videla sobre as mortes não o surpreenderam.
Em 1976, durante o regime militar da Argentina, Gelman, de 81 anos, teve seu filho e sua nora assassinados, além de uma neta desaparecida. O filho do poeta, Marcelo Gelman, foi assassinado após ter sido sequestrado, preso ilegalmente e torturado, enquanto sua nora, María Claudia García, que tinha 19 anos e estava grávida, foi sequestrada e detida junto com o marido, mas como foi transferida para o Uruguai, até hoje seu paradeiro não é conhecido.
Enquanto isso, a neta, Macarena, só foi encontrada pelo avô em 2000 vivendo com a família de um oficial militar uruguaio. Ao falar sobre as chamadas "leis do perdão", que livraram de responsabilidade os repressores argentinos, o escritor, hoje residente no México, destacou: "não conheço nenhuma vítima que tenha delegado a terceiros a faculdade do perdão".
Sobre o processo de criação poética, Gelman disse que, quando escreve, foge de si mesmo, e explicou que às vezes relê seus textos e não se lembra de nenhuma palavra. Além disso, o escritor classificou os escritores em dois grupos: o dos literatos perfeitos, como citou o também argentino Jorge Luis Borges, e os imperfeitos, para quem a literatura é a única forma de viver.
O poeta possui uma longa lista de prêmios, como o "Juan Rulfo" e o "Pablo Neruda". Gelman é autor de "Anunciaciones" (Anunciações, em livre tradução) e "Carta a mi madre" (Carta para minha mãe, em livre tradução), entre outros.
Brasília, 16 abr (EFE).- O poeta argentino Juan Gelman disse nesta segunda-feira, com ironia, que o reconhecimento pelo ex-ditador Jorge Videla da morte de 7 ou 8 mil pessoas durante o período em que governou a Argentina no regime militar, de 1976 a 1983, é um sinal de "modéstia" do político.
"Acabo de descobrir uma virtude até então desconhecida do ex-general Videla: a modéstia, porque não foram 8 mil, mas 30 mil mortes", afirmou Gelman em entrevista à Agência Efe. Para o escritor argentino, que participa nesta semana da primeira edição da Bienal do Livro e Leitura de Brasília, as palavras de Videla sobre as mortes não o surpreenderam.
Em 1976, durante o regime militar da Argentina, Gelman, de 81 anos, teve seu filho e sua nora assassinados, além de uma neta desaparecida. O filho do poeta, Marcelo Gelman, foi assassinado após ter sido sequestrado, preso ilegalmente e torturado, enquanto sua nora, María Claudia García, que tinha 19 anos e estava grávida, foi sequestrada e detida junto com o marido, mas como foi transferida para o Uruguai, até hoje seu paradeiro não é conhecido.
Enquanto isso, a neta, Macarena, só foi encontrada pelo avô em 2000 vivendo com a família de um oficial militar uruguaio. Ao falar sobre as chamadas "leis do perdão", que livraram de responsabilidade os repressores argentinos, o escritor, hoje residente no México, destacou: "não conheço nenhuma vítima que tenha delegado a terceiros a faculdade do perdão".
Sobre o processo de criação poética, Gelman disse que, quando escreve, foge de si mesmo, e explicou que às vezes relê seus textos e não se lembra de nenhuma palavra. Além disso, o escritor classificou os escritores em dois grupos: o dos literatos perfeitos, como citou o também argentino Jorge Luis Borges, e os imperfeitos, para quem a literatura é a única forma de viver.
O poeta possui uma longa lista de prêmios, como o "Juan Rulfo" e o "Pablo Neruda". Gelman é autor de "Anunciaciones" (Anunciações, em livre tradução) e "Carta a mi madre" (Carta para minha mãe, em livre tradução), entre outros.
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