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Igreja russa condena exposição erótica de Picasso "Suíte 347"

06/04/2012 11h35

Moscou, 6 abr (EFE).- A Igreja Ortodoxa Russa (IOR) condenou a exposição do pintor espanhol Pablo Picasso na cidade siberiana de Novosibirsk, onde acontece a mostra com mais de cem gravuras e litografias da erótica série "Suíte 347".

"A exposição se chama 'Tentação'. Não sei para quem será uma tentação. As pessoas se queixaram para nosso ministro de Cultura, mas por enquanto ele não respondeu", afirmou o arcebispo local, Tijon, citado nesta sexta-feira pela imprensa russa.

O religioso destacou que a mostra não foi bem aceita em outros locais e só foi aberta em Novosibirsk. "Esta exposição está proibida no mundo todo e até em Moscou não a mostraram". O arcebispo ainda questionou os defensores das obras de Picasso: "Dizem que esta é uma exposição criativa e que iluminará a razão dos habitantes de Novosibirsk. Mas o que ela ilumina?".

Tijon defendeu, em vez da exposição de desenhos eróticos, exibições sobre eventos históricos para os siberianos, como a batalha de Borodinó contra Napoleão (1812), no museu de Novosibirsk.

A exposição de Picasso inclui 105 gravuras das 347 da coleção "Suíte 347", que foi pintada por Picasso entre março e outubro de 1968, quando o pintor já tinha 87 anos.

"Alguns espectadores dizem que estes são desvarios senis. Mas é preciso levar em conta o contexto histórico. O que são os anos 60: é o momento álgido da revolução sexual na Europa?", disse Víctor Guitin, organizador da mostra. Para ele, "Picasso tentou não apenas contribuir para o protesto juvenil, como esteve a frente de seu tempo".

A mostra, inaugurada em 15 de fevereiro e com encerramento previsto para 22 de abril, possui imagens com diversas pessoas nuas e cenas sexuais provocadoras. "Trouxemos a Novosibirsk as 105 gravuras mais expressivas, provocadoras e eróticas", afirmou Guitin. Em princípio, está previsto que a exposição de Picasso, muito apreciado pelos russos, siga para Tomsk e outras cidades.

"Suíte 347" é considerada pelos especialistas como o diário pessoal do artista no final dos anos 60, uma mistura de confissão autobiográfica e fantasia, já que o próprio pintor protagoniza muitas gravuras, disfarçado como fauno ou bufão.