Em lançamento de livro, autor espanhol diz que figura de Dom Pedro I foi "injustamente tratada"
O escritor espanhol Javier Moro considerou nesta terça-feira (27) que a figura do imperador Dom Pedro I (1798-1834) foi "injustamente tratada" por brasileiros e portugueses por se tratar de um "personagem incômodo" para muitos.
Moro, que apresentou no Rio de Janeiro seu romance "O Império é você", acredita que o pouco reconhecimento histórico de Dom Pedro I pode dever-se ao fato de que, apesar de ser o responsável pela independência do Brasil, ele não era um nacionalista brasileiro.
"Os nacionalistas brasileiros sempre o classificaram de pró Portugal, enquanto os portugueses o chamam de traidor por dar a independência à colônia da qual tinham vivido durante 400 anos, já que os palácios portugueses foram financiados com o ouro e os diamantes brasileiros", indicou o romancista.
O imperador Dom Pedro I do Brasil e rei Pedro IV de Portugal era filho do rei João VI e foi quem proclamou a independência brasileira em 1822, um ano depois do retorno à Europa da família real portuguesa, que chegara à colônia em 1808 para fugir da invasão napoleônica.
O novo livro de Moro, que em breve será traduzido também ao italiano e ao francês, recupera o papel fundamental de Dom Pedro I na história do Brasil.
Moro se encontra de viagem pelo país para promover seu romance, que relata os segredos da vida da corte portuguesa ao chegar ao Rio de Janeiro no início do século XIX e as histórias do primeiro imperador do país já independente.
"O Império é você" vendeu mais de 400 mil cópias na Espanha e foi lançado também na Argentina, Uruguai, Equador, Colômbia, Venezuela, Chile, Peru e México.
Moro explicou que os brasileiros não sabem como "colocar" Dom Pedro I na história e que preferem seu sucessor, Dom Pedro II, por ser monógamo e intelectual.
O escritor também ressaltou a mudança que percebe no Brasil, tanto na segurança de suas cidades, "que melhorou", como no que os brasileiros pensam de si mesmos.
"Antes pensavam que era um país que nunca iria se desenvolver, que sempre seria a eterna promessa de uma grande potência. No entanto, quando voltei, há dois anos, já me dei conta que isso mudara radicalmente. Agora há um orgulho, um otimismo, agora acreditam neles mesmos", avaliou o escritor.
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