Museu alemão terá que devolver valiosa coleção de cartazes aos donos
A Corte Suprema alemã ordenou nesta sexta-feira que o Museu Histórico de Berlim devolvesse aos herdeiros de um dentista judeu uma ampla coleção de cartazes, confiscada pelo Ministério de Propaganda nazista em 1938. Atualmente, ela é avaliada em mais de US$ 5 milhões.
Apesar da família do dentista alemão Hans Sachs ter recebido uma indenização do Estado alemão de US$ 294 mil em 1961, quando a coleção se dava por desaparecida, os juízes do Supremo germânico consideraram que a propriedade continua sendo de seus membros.
Hans Sachs, pioneiro na arte de colecionar cartazes, reuniu mais de 12 mil peças, que passavam pelo modernismo, expressionismo, construtivismo e art déco. A ampla coleção, considerada uma das maiores e mais valiosas do mundo, conta com obras de artistas como Wassily Kandisnky, Otto Dix, Käthe Kollwitz, Max Pechstein e Henry Van de Velde, entre outros muitos.
O dentista Sachs e sua família foram detidos na "Noite dos Vidros Quebrados", em 1938, quando os nazistas incendiaram grande parte das sinagogas na Alemanha e assaltaram de maneira sistemática os comércios dos cidadãos judeus.
Após comprar sua liberdade, Sachs partiu com seus familiares para os Estados Unidos e deixou sua coleção de cartazes sob custódia do banqueiro Richard Lenz, embora pouco depois ela tenha sido confiscada pelos nazistas.
A coleção foi perdida após a Segunda Guerra Mundial. Mas, nos anos 1960, uma parte da mesma acabou aparecendo em um porão de Berlim Oriental. Na ocasião, as autoridades comunistas da República Democrática Alemã ordenaram que a coleção passasse a fazer parte dos fundos do Museu Histórico Alemão de Berlim.
O Supremo alemão avaliou cada um dos passos da coleção e assinalou que o banqueiro não a havia comprado e não era seu proprietário, enquanto a apreensão por parte do Ministério de Propaganda nazista já foi declarada nula pelos tribunais no começo do pós-guerra.
Desta forma, os 4,2 mil cartazes que formam a atual coleção devem ser devolvidos aos seus proprietários "para que não se perpetue a injustiça nazista".
Os advogados de Peter Sachs, filho do dentista, assinalaram que a família deseja buscar um marco adequado para fazer com que esta valiosa coleção possa continuar sendo apresentada ao público.
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