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Tribunal alemão proíbe revista de publicar passagens de livro de Hitler

Passagens do livro "Mein Kampf" (Minha luta) são transformadas em fascículos pela revista histórica sobre o nazismo "Zeitungszeugen"  - Reuters
Passagens do livro "Mein Kampf" (Minha luta) são transformadas em fascículos pela revista histórica sobre o nazismo "Zeitungszeugen" Imagem: Reuters

08/03/2012 12h05

Berlim, 8 mar (EFE).- O Tribunal de Munique proibiu nesta quinta-feira a publicação de passagens do livro "Mein Kampf" (Minha luta) de Adolf Hitler em edição comentada e em formato de fascículo para colecionadores na revista histórica sobre o nazismo "Zeitungszeugen" (Periódicos testemunhais).

A justiça de Munique respondeu dessa forma ao processo apresentado pelo Ministério de Finanças da Baviera, que possui a tutela dos direitos autorais da obra de Hitler, contra a edição preparada pelo editor britânico Peter McGee, que já teve sua publicação suspensa em janeiro por um procedimento de urgência.

A intenção do editor era colocar à venda fragmentos da obra, comentada por historiadores de prestígio, como suplemento da revista "Zeitungszeugen", uma edição fac-símile de jornais nazistas publicada desde 2009.

Após a proibição provisória de urgência em janeiro, o próprio editor publicou o primeiro fascículo com os fragmentos do "Mein Kampf", mas ilegíveis - ou seja, com o texto desfocado -, como uma solução para o compromisso até que fosse resolvido o litígio com as autoridades.

O Ministério das Finanças da Baviera apresentou sua reivindicação com o argumento de que a publicação torna vulneráveis as leis de propriedade intelectual do livro.

Baviera tem até 2015 - 70 anos depois da morte de Hitler - os direitos exclusivos de publicação do livro "Mein Kampf".

McGee quis colocar à venda estes cadernos, com uma tiragem inicial de 100 mil exemplares, em formato revista de 15 páginas, e em forma de série para colecionar.

Até agora, a Baviera vetou a publicação da obra com o argumento de que os direitos foram transferidos em 1945 pelas autoridades aliadas com o objetivo de impedir a difusão do que seria suscetível de se transformar em propaganda nazista.

O editor argumentou que seu propósito é desmascarar "Mein Kampf" como um livro extremamente mau, para destruir o mito ao redor do manifesto ideológico de Hitler.

A edição fac-símile de "Zeitungszeugen", como a dos fragmentos do "Mein Kampf", faz parte de um projeto de pesquisa sobre o nazismo, argumentou McGee.

A partir de 2015, quando expiram os direitos de propriedade intelectual do livro, ele espera poder publicar "Mein Kampf" na íntegra, em edição preparada por reputados historiadores alemães como Hans Mommsen e Sönke Neitzel.

"Mein Kampf" foi escrito por Hitler na prisão em 1924, nove anos antes de sua chegada ao poder em 1933, e nele são descritas as bases de sua ideologia nacional-socialista e antissemita.

O livro é proibido na Alemanha, mas como a própria comunidade judaica reconheceu, manter o veto já é algo ilusório, já que qualquer um pode consegui-lo através da internet.