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Obras de Matisse e Picasso reunidas pela família Stein são expostas em Nova York

Homem caminha pela exposição "A Coleção dos Stein: Matisse, Picasso e a vanguarda parisiense", no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York (22/2/12)  - AFP
Homem caminha pela exposição "A Coleção dos Stein: Matisse, Picasso e a vanguarda parisiense", no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York (22/2/12) Imagem: AFP

02/03/2012 10h00

Cerca de 200 obras criadas por Henri Matisse, Pablo Picasso, Juan Gris e Francis Picabia quando eram artistas desconhecidos é o legado, reunido agora em Nova York, pela família Stein, mecenas americanos do século 20 que, graças a seu apoio, mudaram a história da arte moderna.

A exposição "A Coleção dos Stein: Matisse, Picasso e a vanguarda parisiense", que ficará no Museu Metropolitano de Arte até o dia 3 de junho, representa uma "prova de como essa família ajudou a difundir um novo interesse pela arte contemporânea", declarou sua curadora, Rebecca Rabinow.

Os irmãos americanos Gertrude, Leo e Michael Stein, e a esposa deste último, Sarah, se mudaram para Paris na primeira década do século 20, cidade onde descobriram artistas até então desconhecidos, como Henri Matisse (1869-1954) e Pablo Picasso (1881-1973), dos quais se tornaram amigos.

"O entusiasmo por eles e o patrocínio mudaram o desenvolvimento da arte moderna, para transformá-la no que conhecemos hoje", explicou Rebecca.

O primeiro a chegar à capital francesa, em 1903, foi Leo Stein, que pretendia iniciar uma coleção composta por obras de Paul Cézanne, Edgar Degas, Édouard Manet e Auguste Renoir.

No entanto, Leo percebeu que esses quadros eram muito caros, o que o fez optar por comprar telas de jovens artistas desconhecidos, como Matisse e Picasso, com as quais cobriu em apenas três anos as paredes de seu estúdio da rua Fleurus.

"Ao contrário da geração americana anterior, os Stein não eram uma família rica, por isso Leo tinha que economizar para comprar os quadros", frisou Rebecca.

Gertrude e Michael se juntaram a Leo em 1903 e 1904, respectivamente, e foram apresentados a Matisse, Picasso e outros artistas, aos quais não apenas patrocinaram, mas com quem também andavam a cavalo, tinham aulas de francês e jantavam, contou o especialista.

Além disso, Leo e Gertrude decidiram abrir ao público o estúdio nas noites de sábado, transformando-o em um ponto de encontro de pintores, escritores, músicos e colecionadores para discutir as últimas novidades artísticas.

A Primeira Guerra Mundial foi especialmente devastadora para a coleção do casal Michael e Sarah, que, a pedido de Matisse, emprestou em 1914 a uma galeria de Berlim 19 de seus mais importantes quadros, que foram confiscados pelos alemães quando o conflito bélico explodiu.

A única que manteve intacta grande parte da coleção foi Gertrude, que, no entanto, não pôde comprar os quadros daqueles que apoiou no início de sua carreira.

Quadros como "Mulher com chapéu", de Matisse, sobre os quais a própria Gertrude escreveu que "é difícil, agora que todos estão acostumados com eles, ter ideia da inquietação que provocavam quando alguém os via pela primeira vez", e que, no entanto, os Stein souberam ver e preservar para a história.