Chanceler boliviano defende o direito de seu povo de mascar coca
Madri, 8 fev (EFE).- O chanceler boliviano, David Choquehuanca, defendeu nesta quarta-feira em Madri o direito de seu povo de mascar coca, uma prática ancestral "que é parte de nossas raízes culturais, e assim como uma planta sem raízes morre, um povo que não defende sua cultura está destinado a perecer".
Em entrevista à Agência Efe na Casa da América da capital espanhola, Choquehuanca se referiu ao pedido que o Governo de Evo Morales apresentou à convenção antidroga da ONU para que a Bolívia seja readmitida por esse organismo, com uma emenda sobre a proibição da mastigação da coca.
"A convenção ignora as realidades de alguns povos, neste caso a nossa, e se contradiz, porque assim como proíbe a mastigação da folha de coca, permite seu uso para fins medicinais e de pesquisa científica", declarou.
"Eu masco coca com fins medicinais, quando estou cansado ou tenho dor de cabeça. Minha família e minha comunidade também mascam. Na Bolívia utilizamos a coca para tudo, em cerimônias, em casamentos, até para construir uma casa, na colocação dos alicerces, está presente a folha de coca", argumentou.
Choquehuanca destacou que "em muitas reuniões internacionais, como na Unasul e nas dos países não-alinhados, que são mais de 120, os chefes de Estado solicitam que seja respeitado o uso tradicional da folha de coca".
Reconheceu, no entanto, que outros países, 18 no total, não respaldaram o pedido da Bolívia, entre eles vários europeus e os Estados Unidos.
Em entrevista coletiva posterior, Choquehuanca falou sobre o controvertido programa nuclear iraniano e a possibilidade de um ataque israelense ao Irã, país com o qual assegurou, "temos relações normais".
"Os países tem diferentes cenários para abordar estes temas, como as Nações Unidas ou outros organismos internacionais. Esse tipo de problema deve ser solucionado mediante o diálogo", concluiu, sem detalhar se a Bolívia se posicionaria em defesa de Teerã.
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