Londres celebra 200º aniversário de nascimento de Charles Dickens
Londres, 6 fev (EFE).- A cidade de Londres, musa e "lanterna mágica" de Charles Dickens, presta um tributo ao escritor inglês no bicentenário de seu nascimento, o qual é celebrado nesta terça-feira com inúmeros eventos culturais, além da reedição de algumas de suas obras.
Exposições como a do Museu de Londres - que explora a relação do escritor com esta cidade, onde ambientou a grande maioria de suas romances -, ou a da Biblioteca Britânica, que analisa seu interesse pelos fenômenos sobrenaturais, são alguns dos principais destaques dessa programação.
"Charles Dickens: A Life", uma nova biografia do romancista assinada por Claire Tomalin, recorda o período de seu nascimento, dia 7 de fevereiro de 1812, na cidade de Portsmouth. A Penguin, mesma editora responsável pelo lançamento desse livro, também apresentará uma reedição de algumas de suas prestigiadas histórias.
Desde "Oliver Twist" até "David Copperfield", a maioria dos romances de Dickens é ambientada na capital britânica, cidade que o escritor se referia como "sua lanterna mágica".
Londres inspirava Dickens porque, em pleno século XIX, a cidade exaltava de maneira clara os desafios e as contradições da era moderna, já que enquanto apareciam as grandes invenções, como a ferrovia, também cresciam as desigualdades entre ricos e os pobres, um dos principais temas explorados pelo escritor.
"Dickens sempre deu atenção aos desfavorecidos, os quais ele sempre retratou com compaixão em sua obra. O escritor não seguia o convencional e guardava sua hostilidade para a classe dominante", indica à Agência Efe John Bowen, professor da universidade de York.
Segundo Bowen, o escritor inglês "sofreu em própria pele o estigma da pobreza", já que aos 12 anos já trabalhava em uma fábrica de betume, enquanto seu pai, um empregado que trabalhou para a Marinha britânica, seguia preso por conta de dívidas.
Segundo filho de uma numerosa família de classe média baixa, Dickens teve uma educação irregular devido aos altos e baixos econômicos de seu pai, o John.
De Elizabeth, sua mãe, Dickens herdou a habilidade de atuar e fazer imitações, qualidade que aproveitou em sua carreira para recitar suas próprias obras na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde teve muito êxito.
Muito vinculado às causas sociais, como a educação e a saúde dos pobres, o escritor preferia explorar temas políticos, como a revolução francesa ("História de Duas Cidades"). "Apesar de priorizar assuntos políticos, Dickens não era nenhum revolucionário", ressalta Bowen.
Segundo o professor da Universidade de York, Dickens era uma espécie de "reformista compassivo", que pensava que se as pessoas fizessem o bem, a sociedade funcionaria muito melhor. Essa era uma mensagem evidente na maioria de suas obras, como na popular "Um Conto de Natal".
Este curto romance pode ter mudado a forma como os britânicos comemoram essa data. A celebração, antes mais diversificada, acabou se tornando em um evento familiar e baseado na generosidade, assim como em seu livro.
Em relação à vida pessoal, Dickens foi casado com Catherine Hogarth, filha do diretor de um dos jornais em que trabalhou, e teve dez filhos. Em 1958, após duas décadas de casamento, o romancista se separou de Catherine ao se apaixonar pela jovem atriz Ellen Ternan.
Apesar sua feroz crítica às desigualdades sociais e a hipocrisia das instituições britânicas da época, Dickens, cuja obra nunca deixou de se publicada, jamais perdeu sua popularidade, fato que o consolidou como uma verdadeira instituição nacional do Reino Unido. EFE
jm/fk
Exposições como a do Museu de Londres - que explora a relação do escritor com esta cidade, onde ambientou a grande maioria de suas romances -, ou a da Biblioteca Britânica, que analisa seu interesse pelos fenômenos sobrenaturais, são alguns dos principais destaques dessa programação.
"Charles Dickens: A Life", uma nova biografia do romancista assinada por Claire Tomalin, recorda o período de seu nascimento, dia 7 de fevereiro de 1812, na cidade de Portsmouth. A Penguin, mesma editora responsável pelo lançamento desse livro, também apresentará uma reedição de algumas de suas prestigiadas histórias.
Desde "Oliver Twist" até "David Copperfield", a maioria dos romances de Dickens é ambientada na capital britânica, cidade que o escritor se referia como "sua lanterna mágica".
Londres inspirava Dickens porque, em pleno século XIX, a cidade exaltava de maneira clara os desafios e as contradições da era moderna, já que enquanto apareciam as grandes invenções, como a ferrovia, também cresciam as desigualdades entre ricos e os pobres, um dos principais temas explorados pelo escritor.
"Dickens sempre deu atenção aos desfavorecidos, os quais ele sempre retratou com compaixão em sua obra. O escritor não seguia o convencional e guardava sua hostilidade para a classe dominante", indica à Agência Efe John Bowen, professor da universidade de York.
Segundo Bowen, o escritor inglês "sofreu em própria pele o estigma da pobreza", já que aos 12 anos já trabalhava em uma fábrica de betume, enquanto seu pai, um empregado que trabalhou para a Marinha britânica, seguia preso por conta de dívidas.
Segundo filho de uma numerosa família de classe média baixa, Dickens teve uma educação irregular devido aos altos e baixos econômicos de seu pai, o John.
De Elizabeth, sua mãe, Dickens herdou a habilidade de atuar e fazer imitações, qualidade que aproveitou em sua carreira para recitar suas próprias obras na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde teve muito êxito.
Muito vinculado às causas sociais, como a educação e a saúde dos pobres, o escritor preferia explorar temas políticos, como a revolução francesa ("História de Duas Cidades"). "Apesar de priorizar assuntos políticos, Dickens não era nenhum revolucionário", ressalta Bowen.
Segundo o professor da Universidade de York, Dickens era uma espécie de "reformista compassivo", que pensava que se as pessoas fizessem o bem, a sociedade funcionaria muito melhor. Essa era uma mensagem evidente na maioria de suas obras, como na popular "Um Conto de Natal".
Este curto romance pode ter mudado a forma como os britânicos comemoram essa data. A celebração, antes mais diversificada, acabou se tornando em um evento familiar e baseado na generosidade, assim como em seu livro.
Em relação à vida pessoal, Dickens foi casado com Catherine Hogarth, filha do diretor de um dos jornais em que trabalhou, e teve dez filhos. Em 1958, após duas décadas de casamento, o romancista se separou de Catherine ao se apaixonar pela jovem atriz Ellen Ternan.
Apesar sua feroz crítica às desigualdades sociais e a hipocrisia das instituições britânicas da época, Dickens, cuja obra nunca deixou de se publicada, jamais perdeu sua popularidade, fato que o consolidou como uma verdadeira instituição nacional do Reino Unido. EFE
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