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Alemanha comemora nesta terça-feira tricentenário de Federico II, o Grande

22/01/2012 19h25

Rodrigo Zuleta.

Berlim, 22 jan (EFE).- A figura de Federico II, o Grande, representa como poucas as contradições e tensões da história da Alemanha, o que explica a lembrança do país pelo terceiro centenário de seu nascimento nesta segunda-feira com uma atitude que oscila entre a devoção e o olhar crítico.

Federico II (1712-1786) aboliu a tortura, lembram seus partidários. Seus inimigos, por sua vez, que o rei da Prússia transformou o antigo reino alemão em uma potência europeia através de três guerras que causaram a morte de muitas pessoas.

Seus admiradores lembram sua paixão pela filosofia e sua amizade com Voltaire, enquanto seus detratores dizem que essa relação terminou com o filósofo francês fugindo da Prússia perante a ira do monarca.

O conflito com seu pai, Federico Guillerme I, antecipa vários conflitos geracionais. De um lado, o velho rei, que acreditava na disciplina militar e na vida austera e, de outro, o jovem herdeiro, interessado nas artes e na filosofia.

Em 1730, para deixar para trás a educação tirânica de seu pai e suas obrigações de herdeiro e poder levar uma vida de artista e de filósofo, Frederico II tentou fugir para a França.

Como castigo, o rei ordenou decapitar, aos olhos do herdeiro, o tenente Hans Hermann von Katte por estar envolvido nos planos de fuga, além de prender o filho durante um ano em uma fortaleza e o destituir temporariamente de seu título de príncipe.

Em 1733, casou-se com Isabel de Braunschweig-Wolfbuttel por ordem do pai. Muitos biógrafos afirmam que o casamento nunca foi consumado, o que tende a fortalecer a teoria sobre seu possível homossexualismo, que não foi documentada ainda.

Em 1740, após a morte do pai, Federico II, o Grande, chegou ao trono. Um ano antes, tinha escrito "O Anti-Maquiavel" (1739), um ensaio prologado por Voltaire sobre o que se chamou de Despotismo Ilustrado.

Já no primeiro ano de seu mandato, Federico mostrou suas contradições. Por um lado, tomava medidas progressistas, como a abolição da tortura e a redução dos castigos físicos no Exército, mas, por outro, realizou sua primeira aventura militar marchando sobre a Silésia, território que anexaria à Prússia em 1745, após duas guerras.

Ao retornar da guerra, que custou a vida de milhões de pessoas, Federico II chorou sobre o corpo de um de seus cachorros, que tinha morrido em sua ausência.

A terceira das disputas foi a chamada Guerra dos Sete Anos, entre 1756 e 1763. A Prússia perdeu um sétimo da sua população, mas se tornou uma potência europeia.

Sua última vontade, a de ser enterrado junto a seus cachorros no parque de Sans Souci, foi realizada em 1991, após a reunificação da Alemanha.