Comissão espanhola aconselha retirar corpo de Franco do Vale dos Caídos
Madri, 29 nov (EFE).- Uma comissão de analistas contratados pelo Governo socialista espanhol para estudar o futuro do Vale dos Caídos, o maior símbolo do franquismo na Espanha, recomendou nesta terça-feira que o corpo do ditador Francisco Franco, enterrado lá, seja removido para outro local.
A equipe, que nesta terça-feira apresentou as conclusões, considera que o corpo de Franco deve ser exumado e "transferido para um local designado pela família ou qualquer lugar considerado digno e adequado".
O grupo justificou a necessidade de transferir o corpo de Franco porque é o único, das mais de 33 mil pessoas enterradas no local, que não morreu na Guerra Civil Espanhola (1936-39), e porque o Vale dos Caídos será transformado em memorial aos mortos nessa disputa.
O Governo de José Luis Rodriguez Zapatero decidiu em maio encarregar à comissão um estudo sobre o futuro do conjunto arquitetônico que fica a 50 quilômetros de Madri, que começou a ser construído em 1940 por presos republicanos e comuns. Ao todo, 12 personalidades do mundo acadêmico formam o grupo.
Pelas conclusões publicadas nesta terça, a equipe recomenda dar novo significado ao conjunto em homenagem aos 33.847 espanhóis enterrados ali e que morreram na Guerra Civil.
O corpo de Franco é o único que está sepultado no interior da basílica, ao lado de José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange Espanhola, e que morreu durante a guerra.
Para os especialistas, o corpo de José Antonio pode permanecer no Vale dos Caídos, mas fora da basílica, junto aos demais mortos, ao contrário dos de Franco.
A comissão esclareceu que para exumar o corpo de Franco é necessária uma autorização da Igreja Católica, pois a basílica é um local de culto.
Os analistas afirmam que até agora o Vale dos Caídos representava só a "memória de uma parte" da disputa, apesar dos sepultados serem tanto franquistas quanto republicanos.
A proposta é que seja construída "uma grande intervenção artística que lembre a todos os mortos na guerra" na esplanada diante da basílica.
Também acreditam que deveria ser construído um centro de interpretação que explique como e o porquê do enorme mausoléu.
A comissão defende que "não seria bom mudar o nome do Vale dos Caídos", porque se trata de "explicar, não destruir".
O Vale dos Caídos é atualmente um local de peregrinação dos nostálgicos do franquismo, que todo dia 20 de novembro o visitam para lembrar a morte do ditador, que morreu em 1975. EFE
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