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RSF questiona proteção de cidadãos e jornalistas no Brasil

Agencia EFE

07/11/2011 17h00

Paris, 7 nov (EFE).- A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) questionou nesta segunda-feira a proteção de jornalistas e cidadãos no Brasil após a morte do câmera Gelson Domingos da Silva em um confronto entre policiais e traficantes em uma favela da zona oeste do Rio de Janeiro.

O jornalista da rede de televisão "Bandeirantes", de 46 anos e pai de três filhos, cobria a operação policial na favela de Antares no domingo de manhã quando foi atingido por uma bala de fuzil que atravessou seu colete à prova de balas, lembrou a RSF.

Este tipo de "intervenções policiais espetaculares" é "cada vez mais frequente no horizonte da Copa do Mundo de 2014", destacou a organização em comunicado.

No entanto, "esta dependência" de uma política de segurança que se nutre de midiatização inclui também sérios riscos para os jornalistas que cobrem a situação nas favelas, alguns dos quais vivem nelas, acrescentou a nota.

Esta nova tragédia leva a refletir sobre "o grau de proteção" com o qual os jornalistas se beneficiam neste tipo operações policiais, assim como sobre a segurança de cidadãos, moradores e testemunhas.

Em Antares foram desdobrados 80 policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), que mantiveram um intenso tiroteio com os traficantes, lembrou a RSF em seu comunicado.

Após o incidente foi anunciada a detenção de nove supostos membros de uma quadrilha e a morte de quatro supostos traficantes, assim como a interceptação de um grande carregamento de droga e armamento.

A organização de defesa da liberdade de imprensa pediu, além disso, que uma investigação estabeleça o mais rápido possível a identidade do autor do disparo.

Por outro lado, a RSF uniu-se à iniciativa do Sindicato de Jornalistas do Rio de Janeiro para que se organize um "verdadeiro debate" sobre os riscos profissionais e a cobertura informativa do crime organizado.

Gelson Domingos da Silva é o quinto jornalista morto em 2011 no Brasil por causas diretamente ou provavelmente relacionadas com o exercício de sua profissão, ressaltou a RSF. EFE