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Feira do Livro é inaugurada com inovações em Frankfurt

Mulher organiza livros em Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha (11/10/2011) - AP
Mulher organiza livros em Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha (11/10/2011) Imagem: AP

Rodrigo Zuleta

De Frankfurt

11/10/2011 11h53

A Feira do Livro de Frankfurt é inaugurada nesta terça-feira em um ambiente que oscila entre sinais de transformação, gerados pela digitalização e convergência midiática, e a crença de muitas pessoas de que os produtos impressos continuarão sendo o centro do negócio editorial.

A entrevista coletiva inaugural transportou os presentes a territórios que não tinham conhecido em edições anteriores. O auditório estava situado em um novo pavilhão, e ao entrar havia dois modelos de automóveis expostos e uma instalação gigante, Murmur Study, do artista americano Christopher P. Baker, feita de tiras de papel com mensagens de Twitter.

No palco estavam o presidente da Associação de Livreiros Alemães, Gottfried Honnefelder e o diretor da Feira do Livro, Jürgen Boos. Nos lugares que outros anos foram ocupados por escritores como Paulo Coelho ou Cornelia Funke, estava Peter Schwarzenbauer, membro da cúpula do consórcio automobilístico Audi.

Honnefelder brincou no início dizendo que não estava acostumado com aquela situação e insinuou que as relações entre os carros e os livros não lhe pareciam tão claras. Entretanto, nos discursos de Boos e de Schwarzenbauer, ficou claro que uma das ideias da feira é precisamente criar fóruns para pessoas que normalmente não coincidiriam.

Boos afirmou que atualmente tanto o setor do automóvel como o setor do livro estão se reinventando e entrando em contato com representantes de outros setores com os quais pouco tinham a ver anteriormente.

No caso do livro, isto se vê nesta edição da feira com a presença de expositores normalmente alheios ao mundo editorial, como os produtores de jogos de computador.

Schwarzenbauer afirmou que sua empresa há muito tempo queria colaborar com a Feira do Livro, e defendeu que os encontros atípicos são muitas vezes o começo da inovação. Este ano, no pavilhão construído por Audi para o Salão do Automóvel, será feita uma série desses encontros atípicos chamados de "Open Talks".

Mas ao lado dessas inovações a feira continuará funcionando como antes, e pelo menos por parte dos livreiros alemães, em um ambiente de otimismo sobre o futuro do livro.

Honnefelder informou sobre os resultados de um seminário de 150 editores que aconteceu em Frankfurt há algumas semanas, no qual discutiram o futuro do livro nos próximos 15 anos.

"Todos os que estavam ali concordaram em assinalar que o mercado do livro crescerá nesse período", disse Honnefelder, acrescentando que essa conclusão não é tão óbvia se forem levadas em conta as previsões apocalípticas apresentadas por jornais em algumas ocasiões.

Uma segunda conclusão é que de acordo com os presentes no seminário as livrarias tradicionais continuarão existindo, com seu negócio baseado fundamentalmente na venda do livro impresso e aproveitando também das possibilidades do negócio digital.

Sobre a situação do livro digital na Alemanha, Honnefelder observou uma evolução curiosa, e para ele preocupante, na qual a pirataria parece estar na frente do desenvolvimento de um mercado legal.

"O mercado do livro eletrônico é pequeno, mas a pirataria é significativa. O desenvolvimento ilegal está na frente do desenvolvimento do mercado", disse Honnefelder.

Assim, o formato digital ocupa cerca de 1% do mercado da Alemanha, e 60% dos downloads são feitos ilegalmente.

"Trata-se de um problema sério, mas os responsáveis políticos não fazem nada, e não fazem nada porque não querem incomodar os eleitores do Partido Pirata", disse Honnefelder, se referindo a essa nova formação política que pede liberdade de acesso absoluta à rede e que recentemente conseguiu 7% dos votos nas eleições em Berlim.