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Exposição que recria coleção dos Stein chega a Paris

05/10/2011 18h28

Paris, 5 out (EFE).- Mais de 200 obras de gênios da pintura que despontaram nos primeiros anos do século XX, como Pablo Picasso e Henri Matisse, estarão expostos a partir desta quarta-feira no Grand Palais de Paris, que apresenta uma reconstrução da coleção dos Stein, uma família multimilionária dos Estados Unidos.

Instalados em Paris no inicio do século graças à fortuna herdada de seus pais, Michael, Leo e Gertrude Stein reuniram uma impressionante coleção de obras de arte. Sarah - mulher de Michel, o mais imponente dos Stein -, também participava ativamente da coleção.

Procedentes de San Francisco e com um olhar inocente sobre a arte, os Stein abriram as portas de sua casa para pintores que começavam a despontar, mas a maioria deles estavam destinados a se transformarem em gênios da arte.

Por isso, os Stein não gastaram muito dinheiro para encher sua casa de quadros que, com o tempo, multiplicaram várias vezes seu valor de custo.

"Tinham um olhar menos fomentador da arte, mas ficavam com as obras mais surpreendentes, quase sempre as mais vanguardistas", afirmou Cécile Debray, curadora da exposição que estará aberta até o dia 15 de janeiro.

Esse fato explica como Leo comprou por 450 francos da época (1905) "A Femme au Chapeau", de Matisse, uma obra que atualmente é avaliada em vários milhões de euro.

Com o passar do tempo, o cuidadoso colecionador dos endinheirados californianos transformou seu domicílio em um lugar de peregrinação para jovens pintores de diversas tendências. "Sua forma de colecionar era mais parecida com quem tem uma biblioteca do que quem quer simplesmente decorar um salão", destacou Cécile.

Assim, as paredes de seu domicílio, um antigo estúdio de pintura situado na boêmia Rive Gauche parisiense, estavam praticamente coberta por quadros que pendurava desordenadamente.

Destacar um quadro nesse caos era o mesmo que obter o melhor lugar no salão. A busca pelo espaço mais visível se transformou em uma disputa entre Picasso e Matisse.

O pintor espanhol tinha a seu favor Gertrude, a única filha da família, que passou à posteridade como escritora mais do que como colecionadora. Já Matisse era o preferido de Sarah, a esposa de Michael, primogênito da família e encarregado de dirigir os negócios.

Porém, os pintores não foram os únicos. Cézanne, Renoir, Picabia, Degas, Manet, Manguin, Bonnard, Vallotton, Laurencin, Gris e Masson também estavam presentes na coleção, que chegou a reunir mais de 500 telas.

No entanto, esse tesouro acabou saltando pelos ares ao mesmo tempo em que a potência econômica dos Stein perdia a força. De origem judaica alemã, a família entrou em declive na época da Primeira Guerra Mundial, que obrigou alguns familiares a deixar Paris e a vender boa parte da coleção.

O poder dos Stein no inicio do século XX acabou substituído no período de entreguerras pelos Barnes, Guggenheim e Rockefeller. Os pintores que eles ajudaram a ficar famosos ficaram caros demais para seus cofres.

A coleção, da qual a exposição de Paris é uma boa reconstrução, foi espalhada pelo mundo. Para dar uma noção, essa exposição precisou de cinco anos de trabalho e coleta, além de contar com apoio de três grandes instituições, como a Reunião de Museus Nacionais da França (RMN), o Museu de Arte Moderna de San Francisco e o Museu Metropolitano de Arte de Nova York, para juntar um terço de suas obras.

A coleção, que já foi exposta na cidade de origem da família multimilionária, voltará a atravessar o Atlântico no sentido oposto ao que fizeram os Stein no começo do século XX para ocupar as paredes do Metropolitano entre 12 de fevereiro e 3 de junho de 2012.