Novo projeto de Mel Gibson revolta comunidade judaica nos EUA
Los Angeles (EUA), 9 set (EFE).- A participação do ator e diretor Mel Gibson no projeto de um filme inspirado em heróis judaicos despertou uma imediata rejeição por parte dessa comunidade nos Estados Unidos, informou nesta sexta-feira o site "The Hollywood Reporter".
Gibson, que já se envolveu em algumas polêmicas por ter feito comentários antissemitas, se associou com o roteirista Joe Eszterhas ("Showgirls") para desenvolver a adaptação da história de Judas Macabeu, um guerreiro judeu que liderou uma revolta contra os exércitos gregos e sírios no século II a.C.
O projeto já foi aprovado pela Warner Bros, mas ainda não há informações que confirmam a presença de Mel Gibson no filme. Como a produção do longa-metragem é fruto de uma parceria entre sua produtora, a Icon Productions, e a Warner, Gibson pode aparecer inclusive como diretor.
Com a grande possibilidade do protagonista de "Braveheart" (1994) estrelar esse novo filme, a comunidade judaica nos Estados Unidos não ficou nada satisfeita, lembrando todas as declarações antissemitas feitas por ele nos últimos anos.
Em 2006, o ator culpou os judeus por "todas as guerras do mundo" quando foi detido por dirigir embriagado. Dois anos antes, foi acusado de gerar uma má imagem dos judeus em seu filme "A Paixão de Cristo" (2004).
Além de suas próprias acusações, Mel Gibson também gerou polêmica com os comentários de seu pai, Hutton Gibson, que chegou a pôr em dúvida o próprio Holocausto.
"Judas Macabeu merece algo melhor. É um herói para os judeus e um herói universal na luta pela liberdade religiosa. Seria uma farsa que sua história fosse contada por alguém que não tem respeito e, muito menos, sensibilidade para retratar nossas crenças", disse Abraham Foxman, diretor da organização judaica Anti Defamation League.
O fundador do Museu da Tolerância em Los Angeles, o rabino Marvin Hier, disse que Gibson "só mostrou falta de respeito pelos judeus" e qualificou sua presença no filme como um "insulto a toda a comunidade judaica".
Hier também comparou o ator norte-americano ao investidor Bernard Madoff, que estava à frente de uma comissão que lutava pela legalidade das operações financeiras e acabou como responsável por uma fraude milionária, e a alguém que defendesse a supremacia branca e que fosse escolhido para dirigir um filme sobre Martin Luther King.
Mel Gibson já se desculpou em várias ocasiões por seus comentários antissemitas, embora para Hier suas palavras não tenham sido suficientes.
O rabino queria que o artista mostrasse seu arrependimento escrevendo um editorial para se explicar, demonstrando que procurou saber sobre o Holocausto ou algum campo de concentração.
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